Até que ponto redes sociais são confiáveis e seguras para propagação de notícias?

Gabrielle Pedro
singular&plural
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3 min readMar 27, 2018

Escândalo sobre Facebook divulgou que a rede compartilhou informações de usuários para beneficiar notícias de Trump

Por Beatriz Guimarães e Gabrielle Pedro

Nos últimos dias, estamos acompanhando o desenrolar das denúncias sobre o Facebook e a empresa de análise de dados Cambridge Analytica que está sendo acusada de ter compartilhado de forma inadequada informações privilegiadas de mais de 50 milhões de usuários do Facebook para beneficiar a campanha presidencial de Donald Trump em 2016, e assim influenciar esses eleitores a votarem no atual presidente americano. Mas, será que a mídia tem usado a sua influência para explicar aos brasileiros esse problema que poderia ter acontecido em qualquer lugar do mundo e não apenas numa superpotência como os EUA?

Com todo esse caos, a rede social que no ano passado chegou ao marco de 2 bilhões de usuários em todo o mundo embarcou no sentido contrário que estava nos últimos anos. Apenas nesta última semana a empresa fez o caminho reverso e perdeu mais de U$ 70,4 bilhões. Ainda em decorrência disso, o Facebook está com suas ações em queda desde o dia 22 deste mês, que foi quando a notícia veio à tona. Mas isso já era previsível, né?!

Alguns dos jornais mais influentes mundialmente, como o The New York Times, The Observer e o The Guardian analisam que essa é uma das maiores violações aos dados de usuários em redes sociais de que se tem história.

Isso faz surgir algumas interrogações à nós usuários. Até que ponto devo confiar no que as redes sociais me diz? Se for considerar o critério que sempre foi exposto de que tudo o que vamos receber em nossa timeline é um acoplado de informações que costumo curtir e acompanhar e que pertence à um determinado nicho que já estou familiarizado, então porquê o Facebook permitiu que algumas regras da rede fossem banidas para beneficiar as campanhas de Trump, que pagou mais de U$ 6,2 milhões à empresa para promover sua campanha? Desta forma, fica difícil de não pensar que a empresa e a Cambridge Analytica tenham se vendido.

Com isso, os questionamentos sobre notícias falsas se intensificam. Como acreditar em uma empresa que me usou para se beneficiar financeiramente? E ainda considerando que a maioria das pessoas ultimamente têm se informado pelas redes sociais, as fake news ganham proporções de verdade que não deveriam, tudo isso pela falta de segurança, que segundo o Termo Uso, que aceitamos quando nos inscrevemos no Facebook, é imprescindível à qualquer usuário.

Claramente esta não era uma das principais notícias de cada dia considerando o cenário da segurança pública que encontramos no Rio de Janeiro, mas isso não significa que ela não seja importante. Na verdade ela merece também reconhecimento porque é esse tipo de compartilhamento de dados que promovem até quadrilhas a cometerem algo contra você.

No final, toda essa questão em torno da propagação de falsas notícias e sua influência na sociedade acaba envolvendo o questionamento que diz respeito à segurança, isto é “até que ponto nós estamos protegidos nas redes sociais?”. Esse questionamento sobre a segurança, ainda mais no Brasil, onde as fake news são compartilhadas em quantidades absurdamente grandes, deve fazer parte da nossa discussão, já que estamos todos expostos a isso. Será que o nosso país está seguro ou cada vez mais propenso a fazer parte desse ciclo, onde nossa segurança é ameaçada e uma rede social, de grande influência mundial, como o facebook tem extremo poder sobre seus usuários.

A vitória de Donald Trump, que foi considerada algo surpreendente justamente por contrariar todas as pesquisas de intenção de voto, deveria nos alertar. Uma coisa é alguém ser prejudicado por alguma mentira publicada a seu respeito. Outra, muito diferente e que geram consequências bem maiores, é quando um país que possui enorme influência mundial tem seu destino influenciado pela produção e distribuição sistemática de notícias falsas. Essa situação preocupa as empresas de tecnologia e de comunicação, criando uma necessidade maior de checagem dos fatos e reforçando a importância do jornalismo como aliado da democracia e, principalmente, da importância da segurança do usuário, que é a vítima em situações como essas.

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