BuzzFeed como veículo de mídia e o futuro do jornalismo

Giovanna Guelere
singular&plural
Published in
3 min readMar 27, 2018

Com linguagem diferenciada, plataforma atrai cada vez mais o público jovem

Por Daniela Nunes e Giovanna Guelere

Fundado em 2006 por Jonah Peretti, o BuzzFeed é um site de entretenimento e notícias que busca publicar conteúdos que gerem engajamento e compartilhamento em grandes redes sociais. 8 anos após o seu lançamento, o tráfego mensal do portal ultrapassa 150 milhões de visitantes, sendo eles de diversos países e idades, o que faz com que o site valha mais de 1 bilhão de dólares.

A página ganhou sua versão brasileira em 2013 com foco em publicações cômicas, como listas (“Só quem cresceu nos anos 80 e 90 já teve mais de 20 destas coisas”, “49 momentos que todo mundo que ama chocolate passa na Páscoa”), testes (“Todo mundo é uma mistura de um personagem de Harry e outro da Disney — qual você é”), imagens de gatinhos fofos e tutoriais curtos e simples de receitas na editoria Tasty Demais.

Com a grande audiência conquistada, o BuzzFeed também viu a necessidade de escrever notícias um pouco mais sérias do Hard News, mas sem perder o seu formato original.

Devido a esse formato descontraído e objetivo, o compartilhamento nas redes sociais e smatphones acaba se potencializando. De acordo com dados da própria empresa, “75% do tráfego de referência vem de sites como Twitter e Facebook”, o que traz sentido e valor ao nome do site: a união de duas palavras em inglês (buzz + feed) que significa alimentar com conteúdo aquilo que se espalha facilmente.

O site divide opiniões sobre sua eficiência e seus conteúdos, uma vez que eles possuem um caráter divertido e de distração. Um ponto positivo sobre o site é a abordagem de assuntos que dão visibilidade à minorias, como por exemplo, “16 vezes em que o homem hétero teve medo de virar gay”, “Onze mulheres contam suas histórias de assédio no audiovisual brasileiro” e “17 ‘elogios’ que são verdadeiras ofensas racistas”. Isso faz com que os leitores se identifiquem com o conteúdo, resultando no compartilhamento via rede social e engajamento no site. Além disso, é possível observar um ciclo oposto a esse, que também resulta em acesso para o portal: você está mexendo no Facebook > vê uma notícia que te atrai > clica para ler a matéria completa > é jogado para o BuzzFeed > se identifica com o conteúdo > compartilha. Nisso, outras pessoas vão ver esse conteúdo, se interessar e dar continuidade ao ciclo.

Outro ponto a ser destacado positivamente sobre a plataforma é a multiplicidade de assuntos abordados por ela. O website divide seus conteúdos por diversas editorias: “ha ha ha”, “wtf”, “meu deus!”, “fofo”, “trending”, “news”, “lgbt”, “testes”, “BuzzFeed migas”. Cada uma aborda um tipo de conteúdo diferente para um público-alvo específico, o que agrega no fator citado anteriormente sobre identidade e engajamento.

Apesar de suas características positivas, o BuzzFeed é questionável quanto ao futuro do jornalismo, uma vez que apresenta matérias como “63 Tweets De Famosos Que Podem Ser Utilizados Em RT Fora De Contexto” e “Este bolo vulcão amanteigado é uma delícia”. Algumas pautas apresentadas pelo site fazem as pessoas se questionarem sobre o que é ou não jornalismo e se devem levar os conteúdos da página a sério.

Sobre esses conteúdos mais informais, deve-se atentar ao fato da publicidade que mantém o portal ativo. Alguns deles são feitos exclusivamente para atender esses parceiros, o que, muitas vezes, passa batido pelo leitor: “11 situações rotineiras que você precisa parar para respirar BEM fundo” é uma parceria feita com a marca Carefree e “Quem está para fazer 30 anos vai agradecer por essas dicas”, uma parceria feita com Itaú.

É possível notar uma mudança na linha editorial de alguns jornais, e a criação de novas plataformas que têm ganhado destaque assim como a analisada neste artigo. O BuzzFeed ganha destaque principalmente dos jovens, uma vez que aborda assuntos complexos de uma maneira fácil e descontraída.

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