Censurar ou transformar a verdade não agradável

Bolsonaro transforma fato em fake aos apoiadores, ofende jornalistas e censura notícias

Carina Gonçalves
singular&plural
3 min readOct 6, 2022

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Por Carina Gonçalves

Charge do Quinho mostrando a relação do presidente brasileiro com a imprensa. Crédito: Facebook Quinho Cartum

N a quadrinha de festa junina, os convidados seguem uma trilha perigosa para chegar no final, com cobras e buracos, precisando dar meia volta por segurança. Alguns chegam a ser mentira, e o caminho segue o planejado. Essa brincadeira inocente está presente na política brasileira atual: o presidente Jair Bolsonaro diz diversas mentiras à população para contrariar a verdade ruim a seu respeito trazida pelos jornais e tenta desviar o caminho correto para aquele mais agradável a seu respeito. Seus apoiadores o seguem para as cobras e buracos, outros acreditam nos fatos.

O primeiro acontecimento a ser destacado foi a não preocupação do atual presidente com a covid-19, a qual repercutiu no seu pronunciamento em rede nacional, na televisão, no dia 24 de março de 2020, que, de acordo com o portal Correio do Estado, foi assim: “No meu caso particular, pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria me preocupar” e diminuiu o vírus ao chamá-lo de “gripezinha ou resfriadinho”.

Sobre esse mesmo discurso, o jornal Folha de S.Paulo reportou que o presidente mencionou a cloroquina/hidroxicloroquina para tratar casos do novo coronavírus. Assim como o ex-presidente norte-americano Donald Trump, ele incentivou o uso do medicamento, mesmo este não tendo eficácia comprovada contra a covid e normalmente usado no tratamento de malária, artrite e lúpus.

Durante toda a pandemia, entre 2020 e 2021, ele evitou usar máscara, incentivou eventos aglomerados de apoiadores (contraindicações da OMS — Organização Mundial da Saúde) e menosprezou a doença que já matou mais de 680 mil pessoas no país. Apesar da mídia mostrar profissionais da saúde trabalhando sem parar, a tristeza de familiares e amigos, falta de oxigênio em Manaus e os avanços da vacina, o representante eleito do povo estava liderando motociatas e não o restabelecimento da ordem e progresso do país.

Se não bastasse contrariar os especialistas, Bolsonaro afirmou: “Eu não vou tomar vacina e ponto final, problema meu”. Para ele, quem aplicar o imunizante vira “jacaré”, o que virou meme em todo o país, e seus apoiadores acreditando nas palavras de seu líder decidiram continuar ocupando alas nos hospitais, ignorando os calendários de vacinação tão divulgados na mídia.

Bolsonaro crítica jornalistas em sete vídeos compilados. Crédito: Brasil de Fato

Além de espalhar mentiras, o presidente brasileiro também tem o costume de atacar jornalistas mulheres. Uma vítima foi a Patrícia Campos Mello, que publicou artigos divulgando a rede de fake news bolsonarista pelo WhatsApp nas eleições de 2018. Ele e seus filhos lhe fizeram ameaças e a ofenderam por toda a internet. Outras profissionais, como Vera Magalhães e Miriam Leitão, também sofreram ataques.

Apesar das tentativas do presidente em descredibilizar a mídia e jornalistas mulheres dando a sua visão de verdade, a sua máscara cai a cada notícia que vai ao ar. Inclusive com a última tentativa fracassada de censurar a reportagem do UOL sobre o pagamento de imóveis pela família Bolsonaro em dinheiro vivo. O ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, barrou a liminar de censura.

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