Como as críticas de cinema influenciam a opinião pública

Marcos Guilherme
singular&plural
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3 min readNov 8, 2017

Sites como o Rotten Tomatoes e as notas de críticos são responsáveis por fracassos injustos ou sucessos enganosos

Por Marcos Guilherme Veloso, Mariana D’Avila e Pedro Bassi

Internet (Pixabay)

A indústria cinematográfica produz filmes muito pessoais, experiências únicas e subjetivas que mudam de pessoa para pessoa. Porém, agregadores de críticas como o Rotten Tomatoes acabam atrapalhando essas experiências pessoais e muitas vezes induzindo indivíduos a assistirem algo que não condiz com seu gosto pessoal.

O Rotten funciona juntando críticas de todo o mundo e classificando o filme de acordo com as opiniões positivas e negativas, gerando assim uma nota total, uma média. Entretanto, uma crítica que classifica o filme como regular já se enquadra no positivo; logo, caso todos críticos julguem uma produção como “regular”, ela terá 100% de aprovação no site.

A partir daí já se vê como o site induz ao erro. Outro problema é que cada pessoa gosta de um tipo de filme, se identifica com um tipo de filme, algo que é bom para um pode ser péssimo para o outro. Sendo assim, um filme pode ter porcentagem de aceitação de críticos de 55% (considerada baixíssima no Rotten Tomatoes), mas ser um longa excelente para determinado público, que se baseando na nota do Rotten deixa de assisti-lo para ver o tal do 100% enganoso.

Mais um fator contra o Rotten e muitos sites afins é o de eles pertencerem a alguém com interesses. O Rotten Tomatoes pertence à Fandango, empresa de pré-venda online de ingressos. Assim, no momento em que você clica em determinado filme para compra-lo, aparece a nota do Rotten. Nesse momento muitas pessoas desistem de comprar o ingresso de um filme não tão bem avaliado — que inicialmente era o filme que ela assistiria — para ir ver o de maior nota.

Um exemplo é o filme de Darren Aronofsky. “Mother”, com a 69% de aprovação (baixa para o padrão do site), que foi um dos filmes mais polêmicos do ano, dividiu opiniões, há quem o achou o melhor filme do ano, digno de Oscar, e há também aqueles que o repudiam até o último segundo — algumas críticas chegaram a dizer que o filme acabaria com a carreira de Jennifer Lawrence — por isso o filme não fez tanto sucesso de bilheteria, contudo é de fato um filme único e que deve ser visto por todos, porque é uma experiência completamente subjetiva que, sendo visto quatro vezes pela mesma pessoa, trará quatro sentimentos distintos, tanto bons quanto ruins.

Outro exemplo é o filme da Mulher Maravilha, notado no site com 92%. Um filme comum, mas que faz o básico para a maioria, a tal receita de bolo, ele será a opção de quem se basear no maior agregador de críticas do mundo, mas algumas pessoas gostariam mais de “Mother”.

Outro problema é o sistema de pontuação das críticas em geral. Avaliando uma experiência subjetiva por números você acaba influenciando também na opinião de seu leitor. As pessoas não veem o motivo de um filme ter recebido nota dois em determinado site, só veem que recebeu nota dois e buscam um que recebeu nota cinco.

É convencional que, ao lançar sua crítica, a revista coloque juntamente com ela uma determinada nota, um atalho para os preguiçosos, e algo que muitas vezes engana. A exemplo do Omelete, onde, com três pontos o filme é considerado bom (ruim, regular, bom, ótimo ou excelente), porém quem chega e se baseia apenas no número, sem ler, leva o três como algo abaixo do esperado; logo, se não houvesse o número, apenas o texto, o leitor muito provavelmente assistiria ao filme.

Nesse caso, tanto mídia quanto público têm parcela de culpa; a mídia e os agregadores de crítica têm culpa por tentar padronizar algo tão subjetivo quanto um filme ou série, e os leitores são culpados por se deixarem influenciar, ou por opinião de terceiros, ou pela opinião da maioria.

O ideal deveria ser a pessoa se basear em sua própria opinião, ver trailers, ler sinopses e críticas completas e assistir a filmes dos quais se sinta atraída, sem ser induzida pela mídia especializada a escolher determinada produção, e cabe a mídia tirar as notas, deixar apenas os textos, para que, a partir da leitura do que é o filme, o indivíduo tire suas próprias conclusões.

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