Como o “não-posicionamento” político da cantora Anitta pode influenciar seu público e os eleitores de Bolsonaro

Helena Arida
singular&plural
Published in
3 min readSep 21, 2018

Por Helena Arida, Letícia Pazero e Vivian Martins

O silenciamento em questão à posição política pessoal de cada cidadão deixou de existir ao longo dos anos. Com a chegada do século XXI, o tabu sobre preferências de direita e esquerda foram se transformando em debates, temas de conversa e também abordado pela imprensa. As manifestações ocorridas em 2013, transmitidas e reportadas por grandes portais ao redor do mundo, mostraram com intensidade a tamanha insatisfação de brasileiros com o momento político do país.

Foto: Roberto Filho/Brazil News/

Desde o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, ocorrido em agosto de 2016, o Brasil tem vivido momentos de grande atenção no viés político. Com a aproximação das eleições presidenciais de 2018, as plataformas de mídia se tornaram porta-voz de opiniões públicas sobre os candidatos a chefe de Estado.

Neste âmbito, muitas polêmicas têm surgido com o apoio de eleitores ao presidenciável Jair Bolsonaro (63), candidato do Partido Social Liberal (PSL), que expõe ideais políticos de direita e extrema-direita, além de ser considerado por muitos brasileiros como uma pessoa de valores misóginos, racistas e homofóbicos a partir de depoimentos e falas ofensivas pronunciadas pelo mesmo.

Recentemente, a cantora brasileira Anitta (25) foi alvo de grande polêmica pela mídia. A artista, mundialmente reconhecida por suas músicas de empoderamento feminino e por seu grande público LGBT, recebeu diversas críticas em suas redes sociais por ter seguido um perfil no Instagram que se pronunciava a favor do candidato do PSL.

Antes mesmo desse ocorrido, seus fãs já vinham pedindo um posicionamento da cantora em relação à política. Nas últimas semanas, atrizes, apresentadoras, cantoras e celebridades vinham aderindo a uma campanha que viralizou nas redes sociais contra Bolsonaro. Por meio de publicações como fotos, vídeos ou textos, nomes como Bruna Marquezine, Sasha Meneghel, Deborah Secco, Fernanda Paes Leme, Daniela Mercury, entre tantas outras, utilizaram as frases #EleNão #EleNunca, em repúdio ao candidato.

Diante desse cenário, seu público começou a pressioná-la para que ela aderisse à campanha. Desde então, ela resolveu usar seu perfil do Instagram para estabelecer um diálogo aberto e sincero com seus seguidores. Em sua defesa, na última quarta-feira, 19, Anitta gravou diversos vídeos explicando o ocorrido. Ela tentou se justificar dizendo que o perfil seria de uma amiga, mas que ela preferia não se posicionar politicamente, e ainda fez questão de mencionar a importância do respeito às diferentes ideologias.

Depois de algumas horas, a cantora relembrou o assunto. Dessa vez, ela optou por um texto mais sentimental, relembrando suas raízes, falando em como lutou para conseguir tudo o que conquistou, e ainda lamentou as ameaças e os ataques cibernéticos que vem recebendo.

Nesta quinta-feira, 20, a cantora voltou a falar sobre o tema. Após a família de Bolsonaro ter se posicionado a favor de Anitta, ela gravou um novo vídeo em que divide com seus fãs que o fato de seu nome estar sendo usado para travar campanhas seria uma mentira, uma vez que não apoia candidatos que sejam contra a igualdade de gênero, racistas e homofóbicos.

É muito importante para a carreira da artista que ela tenha um meio de estabelecer um diálogo com seus fãs e seguidores pois eles aguardavam um posicionamento dela. O fato de Anitta não ter se rendido a campanha contra Bolsonaro pode se dar pelo fato dela não querer ofender internautas de nenhum partido político. Entretanto, após se envolver em uma situação na qual não queria, a cantora optou por mediar esse diálogo no qual todos estavam esperando e resolver a situação. A linguagem que ela escolheu para realizar esse contato foi informal e de maneira sentimental para que pudesse conquistar os fãs a favor de seus argumentos.

Por ser uma artista que se promove pela cultura do funk, da favela, e do movimento LGBT, apoiar um candidato que vai contra essas ideias seria contraditório e de tamanha hipocrisia. Portanto, em respeito a seus fãs e amigos, a cantora fez uma declaração sobre o assunto e conversou com seus seguidores por meio de suas redes sociais, afirmando ser contra qualquer candidato que seja homofóbico, racista e machista.

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