De igual pra igual?

Ana Laura de Oliveira
singular&plural
Published in
3 min readSep 20, 2018

Por Ana Laura Oliveira, Larissa Manduca e Letícia Parron

Foto retirada do twitter do jornalista Leonardo Sakamoto/@blogdosakamoto

Leonardo Sakamoto tem 41 anos, é jornalista e doutor em Ciência Política pela USP. Ele já cobriu casos de desrespeitos aos direitos humanos no Brasil e conflitos armados em vários países. Atualmente é professor de jornalismo na PUC-SP e possui um blog na UOL, onde compartilha suas ideias sobre diversos assuntos.

Sakamoto é comentado na mídia por suas convictas posições e conhecido por seus textos, em maioria relacionados à política, serem, quase sempre, instigantes. O jornalista é exaltado por seus seguidores e escrachado pelos seus opositores. Nesse contexto escritor-leitor não existe diálogo.

Sakamoto apresenta dados e fatos comprovados, o que faz com que o Blog seja considerado crível. O jornalista deixa claro sua ideologia. Seus seguidores o seguem e os haters o detonam. Por saber que o público conhece seu viés, não se priva em abusar de chamadas direcionadas, como: “Ataque ao grupo ‘Mulheres Unidas contra Bolsonaro’ foi atestado de burrice”, “Doação eleitoral de rico vai manter distorção de representação no Congresso” e “Polêmicas do vice de Bolsonaro: Do altogolpe à Contituição por encomenda”.

Ao optar por títulos como esse, Leonardo Sakamoto enxerga o sujeito da comunicação como receptor passivo. Nesse cenário, o emissor é superior ao receptor e não permite qualquer tipo de diálogo. A ideia do sujeito de comunicação como é dita na linha teórica do diálogo “eu <-> outro (alteridade)” não existe. Mas não é só do lado do jornalista, alguns chegaram até ameaçá-lo de morte. Os famosos haters.

Print: Matéria Estadão (https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/procuradoria-chama-policia-para-investigar-fake-news-e-ameacas-a-sakamoto/)

Ameaças de morte contra o jornalista mostra a exacerbada falta de diálogo vinda dos receptores. Qual é a dificuldade de conversar com alguém que não pensa como você, de igual para igual? O crime de ódio tomou espaço e tirou a consciência de todos. “Petralha” “Comunista” “Vai pra Cuba!”, são as palavras proferidas pelos haters do jornalista.

As imagens escolhidas para compor os artigos escritos por Sakamoto também mostram qual é o direcionamento da matéria:

Reprodução do Grupo Mulheres Unidas Contra Bolsonaro/ FACEBOOK
Print Notícia do Blog do Sakamoto

O escritor e leitor não estabelecem sequer um real diálogo. As pessoas presentes ativamente na notícia trazem um contexto de enfrentamento, e não de empatia. Sakamoto quer mostrar algo para o leitor, convencer, conscientizar. E seus opositores querem o calar, por meio de ameaças de morte e xingamentos. Não existe diálogo em ambas as partes. Não existindo conversa de igual pra igual.

--

--