Deduzir fatos pelas manchetes é como julgar um livro pela capa?
Consequências que o sensacionalismo pode trazer para uma sociedade que não apura fatos com frequência
Por Luca Boni, Marco Antonio e Pedro Pascoal
Pode-se dizer que, hoje em dia, inúmeros jornalistas e veículos midiáticos fazem uso da estratégia do sensacionalismo para atrair cliques e a atenção do leitor, desde matérias com conteúdo irrelevante até as matérias que possuem grande apelo popular. Como, por exemplo, em uma matéria veiculada pelo portal Metrópoles, publicada dia 17 de setembro de 2021, durante a pandemia, que faz subentender que a vacina contra a covid-19 teria causado a morte de muitas pessoas.
Nesse caso é evidente o uso da prática do sensacionalismo, direto em seu título: “Mortos após imunização chegam a 19 mil. Entenda por que isso não reduz importância da vacinação”. A princípio, pelo título, a mensagem passada para o leitor é de que a vacina seria a causa da morte das pessoas que foram imunizadas; porém, ao ler a matéria é evidente que o conteúdo passado explica como funcionam as vacinas e porque elas são importantes para o combate ao vírus. E que as mortes em questão não ocorreram por causa da vacina, mas apesar dela.
É notório que a forma como o jornalista constrói o título é apelativa e tendenciosa para o lado da polêmica. Precisamos também levar em conta que, no período em que a matéria foi publicada, estávamos passando por um momento conturbado no âmbito social e político, devido a posicionamentos contrários e a favor das vacinas.
A partir do momento em que notícias como esta são publicadas em um veículo que possui uma grande quantidade de leitores, os quais podem ser influenciados por ele, deve haver uma responsabilidade coletiva que é o dever da profissão de jornalista. Sabemos que, como relator dos fatos, sempre temos que apurar, investigar e apresentar informações do interesse público de forma verídica, fiel e sem viés, para que o consumidor consiga tirar suas devidas conclusões por meio dos fatos apresentados nas reportagens.
