Economia para poucos

Gustavo Amado
singular&plural
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2 min readMar 27, 2018

Por Gustavo Amado, Lucas Pereira e Rodrigo Louzada

Nos últimos anos, a crise política/econômica que afetou o Brasil fez com que notícias sobre economia ocupassem e ganhassem um espaço maior nas redações dos veículos jornalísticos. A população passou a se interessar pelo tema, pois observava a necessidade de se compreender o que estava acontecendo com o país e como isso afetaria o próprio bolso. O que era anteriormente usado como banheiro para os pets ou tratado como assunto chato se transformou em manchetes e nos assuntos mais buscados.

Mas com isso, voltamos a um debate antigo e um problema do jornalismo econômico. Quando o leitor entra em contato com esse material, logo se depara com uma série de números, siglas e nomes complicados que trazem uma série de dúvidas e limitando a compreensão sobre o assunto.

Esse tipo de escrita, incrustado nos editorias de economia, é intitulado economês. Isso é, uma espécie de idioma próprio da economia que constantemente se utiliza de jargões, linguagens técnicas, com o uso de catedráticos como fonte de informação, tornando o texto desinteressante e de difícil compreensão.

Essa forma de escrita utilizada em grande parte dos editorias de economia, acaba causando uma cisão no público, pois limita o entendimento a uma pequena parcela da população. Afastando e limitando novos consumidores.

Se considerarmos o jornalismo como fonte de conhecimento de um grande número de pessoas, o problema se torna ainda mais grave, pois restringe a informação a uma pequena porcentagem dos brasileiros. Uma atitude um tanto quanto antidemocrática, pois evita um debate amplo e de outros setores sociais acerca do tema.

Além de informar, é papel do jornalista traduzir e interpretar a informação, utilizando do conhecimento da escrita e da língua como instrumento para dar forma, sentido e precisão. O objetivo deste profissional é transmitir a informação de forma clara, evitando ruídos e o uso de jargões.

O excesso do uso do economês faz justamente o contrário, perdendo sua principal característica informativa.

Na atualidade, o que mais se aproxima do modelo ideal seria o Samy Dama, professor de economia da FGV e colaborador dos canais Globo. Utilizando de variados recursos linguísticos e imagéticos, simplificando e tornando o conteúdo acessível ao grande público.

Não se sabe a quem interessa essa “elitização” do mundo econômico, mas é necessário que mudanças sejam realizadas para que haja uma maior inclusão das diversas camadas sociais do país em um assunto tão importante para o cotidiano.

Referências Bibliográficas

GUERREIRO, Giovanni Pampolha. Jornalismo como forma de conhecimento: um ensaio Disponível em: <https://casperlibero.edu.br/wp-content/uploads/2016/09/Jornalismo-e-Contemporaneidade-Um-Olhar-Cr%C3%ADtico_Jornalismo-como-forma-de-conhecimento-um-ensaio.pdf>. Acesso em: 26 mar. 2018.

OGATA, F. Economia e Linguagem Disponível em: <http://parallaxis.com.br/o-problema-da-linguagem-na-economia/ > Acesso em: 26 mar. 2018.

Meditsch, Eduardo. O jornalismo como fomra de conhecimento? Disponível em: <http://bocc.ubi.pt/pag/meditsch-eduardo-jornalismo-conhecimento.pdf > Acesso em: 26 mar. 2018.

Lobo, Tiago. Sobre o papel social do jornalismo Disponível em: <http://observatoriodaimprensa.com.br/feitos-desfeitas/_ed743_sobre_o_papel_social_do_jornalismo/ > Acesso em: 26 mar. 2018.

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