Fake News e suas armadilhas

Everton Pires
singular&plural
Published in
3 min readMay 29, 2018

A notícia, além de falsa, traz margens a muitos significados e interpretações igualmente equivocadas

Por Everton Pires, Felipe Bambace e Philipe Alves

A desassociação de “fake news” e campanhas eleitorais é praticamente impossível. A prática, que se popularizou durante as eleições do atual presidente americano, Donald Trump, passou por um processo de ramificação, favorecida pela interação de mídias sociais.

Grupos articulados para manifestarem interesses e manipularem pessoas. Sem uma análise profunda de conteúdo, torna-se fácil cair na rede de pesca dessas “quadrilhas cibernéticas” e virar mais um fantoche do sistema, transmissor de informação deturpada.

Ainda mais em período eleitoral, claro, pensando no cenário doméstico, com as eleições presidenciais em outubro, os artigos hiperbólicos e totalmente tendenciosos se multiplicam-se como um processo de mitose viral.

Como manifestou Ivana Bentes, em “A memética e a era da pós-verdade”, “a construção de fatos e notícias, o jornalismo de comoção, a propaganda política, foram apropriados de forma massiva pelos não-especialistas”.

Mas é possível estar vacinado, para não ter o contágio com essa patologia, que são as informações falsas? E quem pode classificá-las?

Um programa de controle de “fake news”, lançado pelo Facebook no Brasil, provocou repúdio do Movimento Brasil Livre, o MBL, um grupo que defende o liberalismo econômico e o republicanismo.

De acordo com o movimento, a rede social não teria senso para distinguir o que pode ser enquadrado ou não como notícia falsa. Não se limitando, ainda fizeram acusações de prática de censura e propagação de ideologias de orientação esquerdista.

Esse mecanismo do Facebook atua em diversos países, em parceria com agências de notícias francesa e americana. O programa torna a notícia, identificada com carácter duvidoso, menos acessível e faz uma advertência aos internautas sobre a credibilidade do conteúdo acessado.

Em vídeo publicado no YouTube, Arthur do Val, um dos líderes do MBL, defendeu que o termo “fake news” passou a agrupar quaisquer informações que sejam contra os pensamentos revolucionários, de esquerda.

É no mínimo imprudente depositar total confiança em uma plataforma de mídia, ainda quando o cerne é o controle de informação. Também irracional é acusar sem provas concretas de manipulação, de um “suposto” meio de viés esquerdista, conforme se posicionou o MBL.

A revolta Movimento Brasil Livre pode se justificar pela necessidade do site em publicar tal tipo de notícia. A página prega em suas publicações extremante contrárias políticas de esquerda e utiliza de informações que deturpam a imagem de seus adversários políticos. O compartilhamento e alcance dessas publicações alavanca a página, que acumula quase 3 milhões de seguidores no Facebook.

Enquanto não se há crença em uma máquina que regule, de forma eticamente correta, o que é ou não “fake news”, seguimos no trabalho manual, sem ingenuidade, de classificação.

Outro agravante dessa disseminação de notícias falsas pode ser atrelado a falta de profundidade na informação. Em redes sociais, muitas vezes os usuários compartilham conteúdo de fonte duvidosa ou sem credibilidade, que publicam informações boatos simplesmente para caçar cliques para o seu site. Além de somente lerem a chamada da matéria sem saber o que do o texto realmente quer dizer.

É importante que seja respeitado alguns mandamentos, como checagem de fonte e de propagação da notícia, verificação da credibilidade do autor, data de publicação do conteúdo contra o momento em que se ocorreu o fato, “descontágio” de sites sensacionalistas, leitura integral do conteúdo, sem limitação à chamada. Dessa forma, podemos estar mais protegidos de estarmos incubando um vírus, sem se ter conhecimento.

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