Imprensa livre

Helena Arida
singular&plural
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3 min readNov 23, 2018

Por Gabriela Rotella, Helena Arida e Vivian Martins

As fontes de informações estão passando por um processo mutável devido às novas alternativas de transmiti-las ao público. Ao longo do século XX, o jornal impresso era a maneira mais confiável para se manter informado sobre as questões da atualidade, e essas redações possuíam muito poder e credibilidade.

Atualmente, os veículos impressos ainda detém grande influência sobre as informações divulgadas, mas agora existe algo poderoso que entra nessa competição: a internet e as redes sociais. Após a popularização e o aumento dos acessos virtuais, os principais canais de comunicação criaram suas respectivas páginas e perfis para conseguir alcançar o maior número de leitores.

As mídias sociais vêm se tornando uma ferramenta importante para a estratégia ou ação de marketing, pois 80% dos internautas brasileiros participam de algumas mídias ou redes sociais, fazendo com que elas sejam consideradas indispensáveis para as atividades empresariais. (TORRES, 2009)

As informações transmitidas através das redes sociais são praticamente instantâneas e, uma vez divulgadas, as chances de desfazê-las são extremamente difíceis dado o alto alcance que a internet possui. Assim como os veículos precisam apurar as informações antes de liberá-las, o informante também precisa saber que tipo de informação está lendo, e conferir sua confiabilidade. Segundo afirmam Furlan e Marinho ([s.d], p.9) “Ainda que a utilização da Internet seja relativamente restrita com relação aos meios de comunicação tradicionais, a mesma apresenta a vantagem de eliminar as barreiras de tempo e espaço entre os agentes no processo comunicativo”.

Essa questão traz à tona uma reflexão que envolve a relação entre a política e a mídia no país, algo muito comentado entre a imprensa e a sociedade atualmente. É possível exemplificar essa situação com base na postura do presidente eleito Jair Bolsonaro.

O candidato do partido PSL, designado a ocupar o cargo de chefe de Estado em 2019, já fez diversas declarações polêmicas para a imprensa e depois se retificou, devido à repercussão negativa, de maneira a questionar a conduta do portal de comunicação que fez a divulgação.

Recentemente, o presidente eleito fez declarações ameaçadoras, registradas uma semana antes de seu pleito, dizendo que os seus candidatos não devem acreditar nas informações publicadas pelo jornal Folha de São Paulo, um dos maiores e mais respeitados jornais do país. As declarações de Bolsonaro foram transmitidas durante uma manifestação à favor de seu mandato na Avenida Paulista, em São Paulo.

“A Folha de S. Paulo é a maior fake news do Brasil. Vocês não terão mais verba publicitária do governo”, afirmou o presidente eleito. “Imprensa livre, parabéns; imprensa vendida, meus pêsames”.

Os ataques à imprensa foram feitos após o jornal revelar a investigação do esquema de caixa dois de Jair Bolsonaro.

Após uma série de informações desmentidas, o presidente afirmou que as únicas fontes confiáveis a respeito de seus planos e objetivos são suas próprias redes sociais, sem incluir os veículos de comunicação. Essa questão é bastante polêmica, pois a longo prazo pode acarretar em alienação de seus seguidores, e levar a população a duvidar da credibilidade dos grandes veículos do país.

A escolha do presidente eleito em manter as redes sociais como seu maior veículo de comunicação pode ser visto como algo não tão profissional. Há quem veja o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que escolheu a web para divulgar alguns dos seus principais anúncios, tanto de sua campanha como de sua candidatura, como uma grande referência para as atitudes do brasileiro.

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