Influenciadores da luta ‘Corpo Livre’ sofrem com ataques de gordofobia

Caio Revela e Alexandra Gurgel são duas importantes referências da causa que ajudam a desmistificar o estigma no corpo gordo

Lucas Caspirro
singular&plural
3 min readOct 13, 2020

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Por Letícia Rafael e Lucas Caspirro

Luis Miguel Bugallo Sánchez — Wikipedia Commons

A estética do corpo magro e bem definido, considerado como padrão, tornou-se um dilema social com a popularização do Instagram e gerou uma pressão ainda maior em homens e mulheres de se adequarem. Apesar de boa parcela da sociedade não se encaixar nesse modelo, ainda existe um estigma acerca do “corpo ideal”.

Se uma pessoa não se encaixa neste padrão, automaticamente ela recebe críticas e ataques verbais, ou até mesmo físicos, por seu biotipo ou estilo alimentar. Além disso, é possível que exista até uma exclusão da sociedade, onde algumas lojas podem não comercializar roupas com tamanhos que abranjam todos e quaisquer corpos. Situações como essas são conhecidas como gordofobia, que significa a aversão a pessoas gordas.

Com a ascensão das redes sociais, variados grupos minoritários passaram a discutir e ampliar seus debates, difundindo e reivindicando uma chamada “equidade social”, que garantiu a alguns influenciadores digitais uma notoriedade na internet para falar sobre o assunto e ir contra a forma opressora desse discurso.

(Foto: Reprodução/Instagram)

Caio Revela e Alexandra Gurgel são dois ativistas em destaque do Movimento Corpo Livre. O grupo cativa o seu público fomentando conteúdo acerca de pressão estética, gordofobia e compartilhando suas experiências de como aprenderam a aceitarem e amarem seus corpos, auxiliando as pessoas a resgatarem a suas autoestimas.

Apesar de terem muito engajamento positivo, frequentemente sofrem com ondas de ódio vindas de contas que disseminam preconceito. Em agosto de 2019, Caio Revela publicou uma foto ao lado de Alexandra Gurgel em que apareciam com roupas de banho. Na legenda, os influenciadores interagem com seus seguidores questionando se eles curtiram o novo corte de cabelo.

O empoderamento de duas pessoas gordas incomodou alguns internautas, que reagiram com comentários maldosos. Um usuário do Twitter debochou de Revela e Gurgel ao questionar se eles também não poderiam “cortar os carboidratos” de suas dietas. Com bom humor, Revela rebateu o comentário fatiando uma pizza.

(Foto: Reprodução/Twitter)

Os episódios de gordofobia praticados contra Revela chegaram ao extremo, recentemente, quando um dos maiores canais de entretenimento, Portal Popline, noticiou que o ativista teria falecido devido ao seu sobrepeso. Seu nome se tornou o assunto mais comentado das mídias sociais e assustou seguidores, os quais se inspiram em suas postagens.

Ele desmentiu a informação em suas redes sociais, afirmando que a suposta nota de falecimento surgiu em uma publicação no LDRV (Lana Del Rey Vevo), um dos mais populares grupos de Facebook, que é popular na comunidade LGBT. A atitude deu margem para que outros casos de gordofobia fossem praticados em publicações nas redes.

Comentários sobre Caio Revela em grupo privado no Facebook (Foto: Reprodução/Facebook)

Em maio deste ano, a revista digital Saúde, da editora Abril, realizou uma reportagem especial sobre o assunto, a qual demonstrou por meio de dados que vítimas de gordofobia possuem aumento dos índices de ansiedade e isolamento social, compulsão alimentar, estresse e altas taxas de uso de drogas. Além disso, também demonstraram a piora dos sintomas depressivos.

Uma das maneiras para lutar contra este problema, de acordo com a matéria da Saúde, seria instruir a população de forma saudável. A mídia, os profissionais da saúde, escolas e universidades podem ter um papel crucial para informar a sociedade sobre o risco do peso elevado, porém com mensagens livres de preconceito e fora dos estigmas criados em um corpo gordo.

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