Integridade do Grupo Globo em cheque

Em meio a críticas, ética e profissionalismo do trabalho jornalístico do Grupo Globo são colocados em dúvida

Joao Marcos
singular&plural
3 min readJun 22, 2021

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Por João Marcos Assis

Desde o seu anúncio no primeiro dia do mês de junho, a Copa América no Brasil dividiu opiniões e entrou para o vasto grupo de assuntos politizados e polarizados pela sociedade brasileira e seus veículos de comunicação. O ministro-chefe da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, informou à população que os estados do Mato Grosso, Rio de Janeiro, Goiás e Distrito Federal seriam as sedes para a concentração dos atletas e realização das partidas. A Confederação Sul-Americana de Futebol planejava realizar o torneio em territórios colombiano e argentino. Após protestos populares na Colômbia e decisões governamentais na Argentina, a entidade resolveu suspender o início da competição nesses países.

Calendário com data, horário e localização das partidas da Copa América — Imagem: reprodução/Instagram @sportv

O Brasil foi anunciado às pressas, e isso ocorreu durante o aumento de casos e mortes referentes ao novo coronavírus (covid-19), mesmo motivo das retiradas de Argentina e Colômbia da posição de países-sedes.

Com a polarização do tema formaram-se dois grupos, os favoráveis à realização do torneio no Brasil e os contra a recepção das delegações dos países em meio à pandemia que mata milhares brasileiros todos os dias. Dessa forma, a imprensa também foi dívida entre os mesmos dois grupos. O mais criticado foi o Grupo Globo que, por meio de seus comentaristas, se mostra contrário à realização do torneio por seus riscos à saúde pública.

A única diferença em relação aos outros veículos está na crítica que recebe. Para os favoráveis, a verdadeira motivação para um possível “boicote” do grupo é a incomum falta dos direitos de transmissão da competição pela emissora após 32 anos como detentora. Passou-se a se questionar então a legitimidade das opiniões emitidas pelos funcionários do Grupo Globo.

Entre os jornalistas, destacam-se as opiniões dos mais consagrados nos programas da grade. Luiz Roberto protestou: “Isso é uma vergonha. Essa Copa América já não deveria ser realizada. A pandemia interrompeu várias competições mundo afora. Neste momento, é só mais um torneio caça-níquel”. Walter Casagrande classificou como “macabro” e suas partidas como “jogos da morte”.

Por parte dos críticos da cobertura opositora, quem sempre esteve à frente foi Jair Bolsonaro, presidente do Brasil. Ele alega que a emissora deu esse “piti” porque perdeu o direito de transmissão para o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), concorrente direto: “Será por que na Copa América a transmissão não é da Globo, mas sim do SBT?”. Bolsonaro também argumentou que outros torneios organizados pela Conmebol, mesma entidade responsável pela Copa América, já acontecem há algum tempo nos estádios brasileiros, Copa Sul-Americana e Copa Libertadores da América. Apesar de realmente acontecerem há meses, nenhuma das duas é transmitida pelo Grupo Globo.

O jornalista Thiago Asmar, dono do Canal Pilhado, que possui mais de 1 milhão de inscritos no Youtube, já foi jornalista na TV Globo e opina, sem comprovação factível, que a emissora faz isso por motivação econômica. Ele alega que o “mimimi seletivo” é o que está acontecendo, já que a empresa não se manifesta da mesma forma em outros casos.

Galvão Bueno por outro lado relembra que já se posicionou contra eventos transmitidos pela emissora anteriormente: “Quando o futebol brasileiro voltou no ano passado, eu fui contra. Quando voltou a Copa do Brasil no ano passado, produto nosso, eu fui contra”. Existem registros nos quais Galvão se mostra contrário à volta das duas competições, transmitidas pela Rede Globo. O Grupo Globo como o maior grupo de comunicação do país deve seguir informando a população e denunciando situações, sempre de forma ética e buscando a imparcialidade, independentemente de narrativas externas.

Até o presente momento (18/6/2021), 52 pessoas que trabalham na realização da competição testaram positivo para a covid-19.

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