Intervenção sem pluraridade

Victoria Silva
singular&plural
Published in
3 min readMar 24, 2018

Ação militar no Rio de Janeiro deixa veículos brasileiros com opiniões dividas

Por Larissa Zapata e Victória Silva

Um dos assuntos mais comentados na atualidade é a intervenção militar do estado do Rio de Janeiro. Desde o início de 2018, comentários contraditórios sobre o assunto enchem as matérias de jornais, veículos especializados e até mesmo o cotidiano dos receptores dessas notícias.

Cada veículo tenta passar seu ponto de vista de forma velada nas reportagens, alguns dando ar heroico para a intervenção e outros mostrando todos os lados ruins de ter o exército nas ruas do Rio de Janeiro. Entretanto, alguns veículos parecem não ter uma “opinião formada” sobre o assunto, ou tentam apenas manter sua opinião neutra para que não gere mais polêmica, talvez.

O site G1 tem como grande parte das últimas notícias apenas ações de sucesso do exército. Porém quando olhamos a Carta Capital, por exemplo, podemos ver que eles trazem exemplos e outras “soluções” que não fossem a intervenção militar. Ao contrário das expectativas, a Veja — que sempre deixa claro seu posicionamento — mantém em aberto se é ou não a favor da intervenção. Para finalizar, o último veículo a ser analisado é o O Globo, que está polarizado nos dois extremos quando tratado o assunto.

A Veja em seu site, é o veículo que mais está se baseando em dados concretos para retratar os acontecimentos militares no RJ. Em sua página inicial, números específicos sobre número de mortos e feridos são disponibilizados e redirecionam para matérias que tratam do assunto, fazendo um balanceamento de tudo o que está acontecendo.

O site do O Globo segue uma linha parecida com a adotada pela Veja, porém tem uma diferença gigante: as matérias publicadas em blogs dentro do site do jornal aparentam ser totalmente contra o ato da intervenção, enquanto as matérias diárias de atualização já tratam como ações grandiosas e de qualidade para quem está vivendo este momento.

Por outro lado, as matérias do G1 são apenas factuais e não trazem nada além do lado heródico dos militares que estão apreendendo armas e drogas nas comunidades, como se os militares estivessem fazendo um milagre pelo estado e pela sociedade, situação que é levada como incerta por outros veículos.

A Carta Capital se mostra completamente contra a intervenção, dando exemplos de que se os investimentos fossem aplicados na educação e desenvolvimentos de crianças e jovens, essas pessoas teriam opções para escolher além do tráfico de drogas.

A pluralidade de posicionamentos influência para que uma conclusão seja tomada, pode levar a persuasão do leitor, sendo essa a de transmitir dados concretos e coerentes para que o público receba e transforme da maneira que quiser as suas informações, a fim de ter a própria opinião. Este fator está sendo, de certa forma, ignorado para muitos veículos que apenas tem o interesse em passar a sua mensagem e não a mensagem completa.

A informação perde a importância em passar um conteúdo concreto e agregador para o público e passa a apenas transmitir o que o veículo pensa ou quer que as pessoas acreditem. A preocupação com a verdade e a apuração acabam sendo deixadas de lado nesse caminho e muitas vezes, coloca em jogo a credibilidade do veículo. Sendo assim, podemos concluir que os princípios jornalísticos não podem ser deixados de lado e nem ficar abaixo das opiniões que os veículos possuem, o público deve decidir de qual lado ele quer ficar na história.

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