Jornalismo Youtuber: Foquinha
Com quase dois milhões de inscritos, youtuber aposta em novo formato de jornalismo e faz sucesso entre adolescentes
Por Amanda Adachi, Denise Sousa, Talita Alves
O jornalismo é um produto que sempre está se reinventando. A transição do rádio para a TV não foi algo com que muitas pessoas lidaram facilmente, assim como a mudança da TV para a internet (o que não quer dizer que um veículo anule o outro). Com o advento da internet, novas mídias foram surgindo. Dentre elas o Youtube, que trouxe uma nova forma de nos expressarmos.
Essa plataforma digital abriu inúmeras novas portas para os profissionais da área de comunicação, que viram uma oportunidade de se aproximar de um público mais acessível, que rendia tanto quanto a mídia tradicional. A jornalista Fernanda Catania, mais conhecida nas redes sociais como Foquinha, foi uma delas.
Em 2015, Foquinha largou o jornalismo tradicional e abriu seu canal no Youtube, onde começou um formato diferente de jornalismo. O seu canal é voltado para o entretenimento falando de assuntos sérios, mas sempre tratando de uma forma leve. No começo, muito do seu conteúdo era voltado para entrevistas com famosos, propondo desafios ousados, para que assim a entrevista ficasse mais dinâmica e não tradicional. Alguns famosos como Giulia Be já falaram em seu canal, que estar na presença da Foquinha é como “um alívio em um dia de entrevistas”.
Como o canal cresceu e se expandiu muito, diversos quadros foram criados como: Foquinha FBI, Resta 1, Foca na Lista, 20 Fatos, Evolução do tempo, entre outros. Fato é que em todos os vídeos do canal é exigida uma pesquisa da jornalista e uma pauta prévia.
Um dos quadros mais assistidos no canal da jornalista é o Foquinha FBI, em que Foquinha apura informações sobre um determinado famoso, série ou programa televisivo e faz uma linha do tempo com os principais acontecimentos. O fato dela ser jornalista contribui para que os dados expostos sejam passados de forma concisa e direta. Além disso, há uma preocupação com a verdade e com o sensacionalismo envolto das pautas. Apesar da youtuber tratar os assuntos de forma leve e descontraída, é perceptível o quanto há uma apuração e um trabalho jornalístico por trás.
Citando como exemplo, há o vídeo “O que aconteceu com Britney Spears? Entenda os surtos, a tutela do pai e #freebritney”, em que a jornalista aborda sobre a vida da cantora, o que a levou às clínicas de reabilitação, a perda da guarda dos filhos, o surto público e a questionável tutela de seu pai, Jamie Spears. No vídeo, Foquinha critica a cobertura sensacionalista da mídia, expõe os fatos com o apoio de fotos, vídeos e notícias divulgadas na época e se preocupa em passar as datas de cada situação vivida pela cantora, assim como os nomes dos envolvidos nesse contexto. Simultaneamente a isso, Foquinha aproxima a linguagem jornalística com a linguagem dos adolescentes, utilizando-se de memes e expressões atuais, tornando o vídeo mais leve e conseguindo atrair o público.
Abordando um tema mais recente e sério, Fernanda Catania também tratou do movimento negro ‘Black Lives Matter’, que paralisou o mundo. No entanto, apesar de ter um conteúdo voltado para o entretenimento adolescente e humorístico, a jornalista procurou informar mais as pessoas sobre a pauta.
Assim, ela publicou um vídeo intitulado “Protagonismo negro na cultura pop: séries, filmes, música, livros, podcast”, onde usou como gancho a morte de George Floyd e o movimento negro. Entrevistando a jornalista negra e estudante de cinema, Karol Gomes, ambas fizeram indicações de produtos que tenham como tema principal a vivência de uma pessoa negra, além de ressaltar o trabalho de alguns criadores negros de conteúdo, ou que falem sobre o tema de modo descontraído. A linguagem jovem, tanto da convidada, como de Foquinha, é fundamental para que o internauta se interesse pelo assunto, além da utilização de produtos atuais e acessíveis, que ajudam no desenvolvimento do vídeo.
