Luciano Huck: o candidato da mídia, literalmente

Marina Milhomem
singular&plural
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2 min readNov 30, 2017

O projeto de presidenciável que o Brasil não precisa

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Por Marina Milhomem

Na segunda-feira, 27.11.2017, o apresentador da TV Globo, Luciano Huck, se pronunciou sobre o assunto que pairava por cima do Brasil há meses: sua candidatura à Presidência. Estamos prestes a entrar em um ano de eleição que promete fortes emoções, mas, aparentemente, Huck não fará parte desse próximo capítulo da novela mexicana que é a política brasileira. Em artigo publicado no site do jornal Folha de S. Paulo, ele cita “A Odisseia”, de Ulisses, declara que vem “tentando escapar da sedução das sereias” (seriam elas a própria mídia?) e deixa claro que não se lançará candidato. Quem lamenta, no entanto, é a própria mídia.

Um dia após o anúncio, a Folha iniciou suas colocações no editorial “Limites do novo”. O texto trata de um Huck que merece elogios pela clareza de seu declínio e que “havia se tornado um projeto de presidenciável ao encampar de modo enfático a defesa da renovação da política”, para ser bem literal. Na seção de comentários, um leitor afirma: “Huck desistiu da candidatura mas a mídia não desistiu dele”. Bem colocado. O apresentador é o candidato da mídia, literalmente.

Na capa da Istoé que chegou às bancas no final de semana que antecedeu a declaração de Huck, o apresentador aparece vestido de azul tucano com a manchete “O incrível Huck”. A reportagem o aborda como o candidato de quem quer escapar da polarização Lula x Bolsonaro e que o combo cara de bom moço + família perfeita + ações sociais de seu programa o transforma em uma boa opção para o eleitorado. Pois é justamente desse tipo de governante que o País não precisa: alguém que representa a cara elite + gente de bem que parece se importar com os pobres coitados, só que não. Eu sou do clube de Ernest Hemingway, que acreditava que quem está na trincheira ao teu lado importa mais que a própria guerra. E um homem que se entrincheira com Aécio Neves não merece ser levado a sério.

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