Mídias sociais, fake news e liberdade de expressão

O papel do jornalismo e do Estado na diminuição das notícias falsas

Thiago Pastro
singular&plural
3 min readMay 30, 2022

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Por Diogo Auad e Thiago Pastro

As mídias sociais e seus agentes, tanto o Jornalismo, quanto cada indivíduo que tem a capacidade e liberdade de produzir informações, têm tomado cada vez mais importância na vida coletiva. Eleições presidenciais tiveram proporções enormes nos últimos anos, vide as campanhas de Donald Trump, 2016, e Jair Bolsonaro, 2018, fortemente impulsionadas pela produção de conteúdo por meio de canais como Facebook, Twitter, Telegram e WhatsApp.

Entretanto, não é novidade que boa parte desse conteúdo produzido é pautado em informações falsas e/ou deturpadas. Cada grupo ideológico constrói uma realidade única que beneficie seu lado, influenciando diretamente na percepção de mundo de milhares de pessoas. No Telegram, por exemplo, imperam grupos Bolsonaristas, que espalham fake news.

Reprodução: Twitter

Um estudo da Avaaz, 2018, em parceria com a IDEA Big Data, realizado com 1.491 pessoas, concluiu que 98,21% dos eleitores do atual presidente Jair Bolsonaro foram expostos a fake news dentro do Telegram e Facebook, e 89,77% acreditaram nas informações falsas. Esses dados sugerem que, sim, informações podem definir o futuro de um país.

Porém, quatro anos se passaram e estamos em ano de eleições presidenciais novamente. Agora o questionamento não deve mais se basear no quanto essas informações falsas podem influenciar na democracia, mas sim em como combatê-las de forma saudável.

Combates de outros governos contra a disseminação de informação nociva mostram o bloqueio autoritário demandado pelo estado contra os meios de expressão. Como foi possível ver até no governo chinês, que instaurou sua própria marca de comunicação por mensagem de modo a substituir o Telegram e o Whatsapp, por algo que pudesse ter mais controle. Assim nasceu o WeChat, que segue a linha autoritária do governo de controle populacional e midiático. É necessário que os atores midiáticos encontrem um equilíbrio entre a liberdade de expressão e a disseminação de notícias falsas.

Tem-se em mente uma saída mais democrática para o governo brasileiro. O TSE, após bloqueios no Telegram, que geraram críticas e incongruências dentro de um Estado democrático, oficializou um canal oficial no aplicativo, supracitado como a maior plataforma de divulgação de notícias falsas bolsonaristas. Esse canal tem como função divulgar informações oficiais das eleições deste ano. Assim, ao invés de fechar as portas para a empresa de mensagens no Brasil, traz-se a presença de um mediador em suas redes.

Reprodução: G1

As mídias sociais foram grandes influenciadoras para a revolução tecnológica e social da era líquida, assim ditado pela teoria de liquidez de Zygmunt Bauman. Passamos de e-mail demorados, com o mesmo conceito de correspondência, porém digital, para uma total reconstrução do que é o conceito de comunicação, a mensagem. A mensagem pelo Whatsapp, Telegram, ou até mesmo SMS, trouxe uma nova leva de “liquidez” para as informações, sendo algo muito mais pessoal e instantâneo.

Assim, a sua manutenção é uma ideia muito mais abstrata, e requer a cooperação de quem a usa. Isso inclui jornalistas e indivíduos que não pertencem à chamada Grande Mídia. Entretanto, o papel do jornalista deve ser essencial nesse fator. Neste mundo atual veloz, a checagem correta dos fatos se torna cada vez mais importante, mas também mais rara. A noção de não acreditar que os efeitos colaterais da vacina o transformarão em jacaré; ou até mesmo, checar o CRM de supostos médicos anti-vacina, que nem são realmente praticantes de medicina; são exemplos de ações anti-fake news que você, usuário da internet, pode adotar para combater as deturpações da realidade.

Em suma, a ascensão da liberdade de expressão e sua discussão, assim como com o advento da internet, traz consigo uma problemática para a disseminação de informações que podem ser corrompidas. Em época de eleição, procura-se praticar a manutenção de portais informacionais para melhor entendimento de notícias espalhadas, de modo a evitar fake news. O TSE trilha um caminho democrático para resolver esse conflito, sem entrar ativamente como estado na liberdade de expressão da população brasileira.

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