Medo e insegurança: os sintomas que podem ser causados por um mal jornalismo em períodos eleitorais

De que forma o jornalismo pode deixar seus pilares de lado para assumir outro papel no cenário político nacional

Felipe Zamboni
singular&plural
3 min readMay 30, 2022

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Por Felipe Zamboni e Gabriel Rodrigues

A importância da comunicação vem ganhando notoriedade nos últimos tempos, e a principal profissão neste meio é a de jornalista. Recentemente, vivemos uma pandemia, período extremamente delicado nas questões de saúde pública, economia e mercado de trabalho. Neste momento tão complicado, uma das profissões que mais ganharam relevância para o público foi a dos jornalistas, e isso não é por acaso.

Créditos: Pixabay

Conhecido como “O quarto poder”, o jornalismo possui uma influência significativa no decorrer dos acontecimentos diários. Mais do que um simples transmissor de informações, a mídia se transformou, passando a fazer parte da notícia, com debates, análises, dentre outros aspectos que fortaleceram de vez o poder de persuasão da grande mídia.

Neste ano, um evento é muito aguardado pela maioria dos brasileiros: a eleição presidencial. A disputa pelo principal cargo público do país traz desta vez duas figuras emblemáticas do cenário político nacional, curiosamente dois personagens antagônicos, capazes de dividir o país em verdadeiros extremos.

Nesse contexto, o jornalismo tem papel ainda mais importante. Contudo, a influência que é exercida por importantes comunicadores pode ser benéfica ou não para a sociedade, e aqui está uma questão interessante a ser analisada.

Como exposto no início, o jornalismo não se resume mais apenas ao campo informativo. Ele desbravou novas áreas e agora tem um estilo mais crítico, de certa forma até agressivo, não se permitindo ficar isento a alguns acontecimentos. Isso pode parecer incoerente perante algumas pessoas, mas a imparcialidade e neutralidade ficaram um pouco de lado nos últimos tempos, e se tem um assunto que faz esses dois “pilares jornalísticos” serem colocados de canto são as eleições.

Curiosamente, os dois favoritos à Presidência da República (Jair Bolsonaro e Luís Inácio Lula da Silva) são dois críticos ferrenhos da mídia brasileira, e em alguns momentos eles têm sua razão. Bolsonaro é fortemente atacado pela imprensa, e já comparado a Hitler, na capa da revista Istoé do mês de outubro do ano passado. Essa é uma prática que traz medo ao leitor, uma vez que o chefe do Estado está sendo comparado a um dos maiores assassinos da história mundial.

Essa atitude também é utilizada contra Lula. Inúmeros exemplos podem ser encontrados na revista Veja, mas um dos mais recentes é a capa da última edição de março deste ano em que a manchete diz “Casamento de Conveniência”, se referindo à aliança de Lula com o ex-tucano Geraldo Alckmin.

Os exemplos aqui citados ilustram uma prática recorrente na mídia brasileira, em que ela se faz presente “dentro do jogo”, ou seja, tentando interferir no cenário eleitoral.

Além do medo, a sensação de insegurança e incerteza é tomada pelos leitores que se deparam com matérias como essa. O questionamento a se fazer nesses casos é: será que esse tipo de jornalismo está cumprindo com a sua função? Será que esse tipo de jornalismo está sendo responsável com a construção social da realidade?

A resposta parece óbvia, e ela realmente é. Os três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) podem ser utilizados de forma benéfica ou não, dependendo de sua atuação. O quarto poder, ou melhor, o jornalismo, não é diferente. Existe uma diferença entre fazer parte dos acontecimentos e querer mudar o rumo deles.

É importante esse tema ser debatido. Senão, as consequências podem ganhar uma proporção ainda mais negativa e impactante, e o prejudicado sempre será o público.

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