O poder da mídia na sociedade

Bianca Lee
singular&plural
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4 min readNov 10, 2017

Por Bianca Lee e Marcela Pires

Sala de imprensa (Crédito: Pixabay)

A imprensa passou a ter um papel autônomo e muito importante depois dos três poderes que conhecemos como Judiciário, Legislativo e Executivo. Os meios de comunicação foram titulados como o “quarto poder”, os olhos do povo, tendo como missão fundamental fiscalizar os que comandam a sociedade.

A mídia, por sua vez, burla o que se aprende sobre ética no jornalismo. Uma das normas do Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros que, na teoria, deve ser respeitada pelos profissionais da área, é o Artigo 7°, onde consta: “O compromisso fundamental do jornalista é com a verdade dos fatos, e seu trabalho se pauta pela precisa apuração dos acontecimentos e sua correta divulgação”.

No entanto, a imprensa passou a ser protagonista na construção dos fatos, tomando como verdade a partir do que os meios de comunicação compreendem como realidade. Por muitas vezes, produz interpretações manipuladas à população. É o que diz o padrão da ocultação, definido por Alexandre e Fernandes (2006):

“Esse padrão refere-se à ausência e a presença dos fatos reais na produção da imprensa. A ocultação da realidade se dá quando a imprensa decide o que é e o que não é um fato jornalístico. Ou seja, não é só porque a imprensa classifica um evento não-jornalístico que ele não vá existir e fazer parte do mundo real, mas com certeza vai ser ocultado do público” (idem, p. 157).

Com base nisso, a mídia passa a ser essencial para a formação ideológica de um indivíduo ou sociedade, já que tem o poder de realizar o recorte que seja interessante para o jornalista responsável pela notícia, em que julga se é ou não relevante ao público que se quer atingir.

A mídia atual se distancia do fazer jornalismo ao praticar o sensacionalismo, ocasionando um verdadeiro espetáculo em que há uma plateia esperando pelo show. É o que diz Llosa (2013, p.47): “as notícias passam a ser importantes ou secundárias, sobretudo, e às vezes exclusivamente, não tanto por sua significação econômica, política, cultural e social, quanto por seu caráter novidadeiro, surpreendente, insólito, escandaloso e espetacular”.

Outro fator é o capitalismo que, com o desenvolvimento econômico, se tornou importante para grandes negócios, como a mídia, que viu a oportunidade de crescimento e visibilidade universal perante aos acordos feitos entre a imprensa e o poder político. Compreende-se pelo historiador Nelson Werneck Sodré que:

“Em que pese tudo o que depende de barreiras nacionais, de barreiras linguísticas, de barreiras culturais — como a imprensa tem sido governada, em suas operações pelas regras gerais de ordem capitalista, particularmente em suas técnicas de produção e circulação — tudo conduz à uniformidade, pela universalização de valores éticos e culturais, como pela padronização do comportamento”. (ALEXANDRE; FERNADES apud SODRÉ, 2006, p.147)

Em outras palavras, a imprensa, na maioria das vezes, com princípios voltados aos valores econômicos, preza pela manipulação em massa, favorecendo ao poder político e seus interesses. A população, por sua vez, produz um comportamento social a favor ou contra às ideias expressas pelos meios de comunicação.

Outra questão é análises que delineiam tipos de públicos pela raça, gênero, região ou classe econômica, ou seja, que determinam posições políticas de direita, esquerda ou indecisos. O que faz com que também selecione grupos para cada jornal, já que a imprensa é o espaço de campanhas dos políticos — surge a partir disso o Big Data e a Inteligência Artificial, pauta para uma outra discussão (MÍDIA NINJA, 2017, online).

Em suma, considera-se necessário discussões sobre qual é o rumo do jornalismo e qual o papel fundamental dos profissionais da área de comunicação em relação à informatização. Graças às mídias independentes, tendo em vista sempre a população e seus direitos legais como elementos importantes, podem e devem ser uma das saídas para a revolução jornalística e política.

Referências bibliográficas

ALEXANDRE, Marcos; FERNADES, Renata. O poder hoje está na mídia. 2006. Disponível em: <http://www.sinpro-rio.org.br/imagens/espaco-do-professor/sala-de-aula/marcos-alexandre/o_poder.pdf>. Acesso em: 09 nov. 2017.

ARAÚJO, Vinícius Bindé Arbo de; ZANINI, Danielli. A influência da mídia no comportamento social. 2016. Disponível em <https://canalcienciascriminais.com.br/a-influencia-da-midia-no-comportamento-social/>. Acesso em: 09 nov. 2017.

IMPRENSA, Associação Brasileira de. Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros. s/d. Disponível em <http://www.abi.org.br/institucional/legislacao/codigo-de-etica-dos-jornalistas-brasileiros/>. Acesso em: 09 nov. 2017.

LIMA, Venício de A. Mídia: teoria e política. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2009.

LLOSA, Mario Vargas. A civilização do espetáculo: uma radiografia do nosso tempo e da nossa cultura. 1 ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

MIELLI, Renata. Dória e a tática Trump, o uso do big data para ganhar eleições. 2017. Disponível em: <http://midianinja.org/renatamielli/doria-e-a-tatica-trump-o-uso-do-big-data-para-ganhar-eleicoes/>. Acesso em: 09 nov. 2017.

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Bianca Lee
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Quase uma jornalista. Textinhos com uma visão singular do que eu vejo.