O (des)Governo da (des)Informação

O papel do jornalismo com a verdade e o combate às fake news durante a pandemia do coronavírus

Maíza Costa
singular&plural
3 min readNov 25, 2020

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Por Maíza Costa, Mariana Oliveira e Natália Peixoto

Compartilhamento de fake news em tempos de pandemia. Imagem: SCMP

O combate às fake news é um assunto cada vez mais necessário. No dia 27 de fevereiro de 2020 o primeiro caso de coronavírus foi confirmado no Brasil, e desde então as notícias falsas em relação aos sintomas, tratamentos, prevenções, números de infectados e de mortos da covid-19 não pararam de surgir. Em maio, o Instagram classificou como falsa uma notícia publicada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A publicação apresentava o número incorreto de mortes causadas por doenças respiratórias no estado do Ceará. A agência Lupa foi responsável por analisar a notícia, publicada nos stories, e classificá-la como falsa.

Em junho de 2020 os veículos de comunicação O Estado de S.Paulo, Folha de S.Paulo, O Globo, Extra, G1 e UOL se uniram para divulgar os dados reais da covid-19, pois o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) optou por restringir o acesso aos dados sobre a pandemia.

Entretanto, o mundo sempre sofreu com a propagação de notícias falsas. Com a velocidade de compartilhamento de informação na internet, a situação se agravou. O jornalista Guilermo Altares, jornalista do El País, ressalta que, “o século XX e o que já vivemos do XXI são a era das mentiras em massa. Três dos grandes conflitos em que os Estados Unidos se meteram neste período começaram com invenções: a guerra de Cuba (1898), com a manipulação dos jornais; a guerra do Vietnã (1955–1975), com o incidente do golfo de Tonkin, e a invasão do Iraque de 2003, com as inexistentes armas de destruição em massa de Saddam Hussein”.

No Brasil não foi diferente. Uma matéria publicada no site da Câmara dos Deputados traz o diretor de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Marco Aurélio Rudieger, dizendo que as fake news já foram usadas nas eleições de 2014: “A disseminação de notícias falsas envolve não só um processo de desinformação organizada, mas um convencimento em massa de percepções que visa distorcer e quebrar a credibilidade do processo político e das instituições.” Elas impactam negativamente a sociedade e podem chegar a desestruturar setores da política, segurança e educação, ou até causar histeria pública.

A revista Superinteressante publicou uma matéria sobre a disseminação de notícias falsas na internet, usando um estudo feito com a rede social Twitter (uma das principais no mundo todo): “é preciso ter cuidado: de acordo com uma análise de conteúdo do Laboratório de Mídia do Massachusetts Institute of Technology (MIT), as fake news se disseminam seis vezes mais rápido do que notícias verdadeiras nessa rede social.” O levantamento pôde concluir que “as baboseiras mais compartilhadas são sobre política — mas temas como terrorismo, desastres naturais, ciência, lendas urbanas ou informações financeiras também se destacam”.

Durante o cenário de pandemia, o jornalismo reafirmou sua importância e seu papel com a verdade. Muitos profissionais da área passam o dia checando informações e desmentindo até mesmo representantes políticos, profissionais da saúde, entre muitos outros que deveriam dar o exemplo.

Não existe uma forma de impedir que a fake news seja criada, mas existem métodos para impedir que ela se espalhe. Verificar o autor e a credibilidade do veículo são os principais passos indicados pelos especialistas. A checagem é uma prática que precisa ser incentivada na sociedade para que se torne um hábito das pessoas. O Projeto Comprova, liderado pela Associação Brasileira De Jornalismo Investigativo (Abraji), é um dos sites voltados para o combate às fake news e tem um grande papel nessa época de eclosão de notícias falsas. Todas as especulações, rumores e declarações que ganham força e se propagam na internet são investigadas e o principal objetivo é esclarecer se o material é enganoso ou deturpado. Existem várias matérias sobre o coronavírus que já foram comprovadas falsas, são elas: “Vacinação compulsória”; “Cloroquina salvou 00 mil vidas”; “Sol mata coronavírus”, entre outras que estão no site do Comprova.

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