O excesso de informação também pode ser um problema

Muito se fala sobre a desinformação, mas notícias sobre temas delicados em demasia podem causar danos à saúde mental

Natalia Belo Candido
singular&plural
3 min readMay 30, 2022

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Por Lucas Caldini e Natália Belo

pouco mais de dois anos, não só o Brasil, mas todo o planeta vive um dos períodos de maior tensão do século XXI, a pandemia de covid-19. Atualmente, em 2022, podemos dizer que, se o mundo caminha a largos passos para uma retomada da normalidade, muito deve-se à vacinação e em partes ao lockdown, quando bem executado, que ajudou na diminuição dos casos da doença.

Entretanto, se atualmente as pessoas não temem mais o coronavírus, a situação era extremamente diferente em 2020 e grande parte de 2021. O risco da contaminação e, principalmente, da morte, sempre existiu, porém a intensidade com que a grande imprensa noticiou a situação causou desespero e ansiedade nas pessoas, que além de estarem trancadas em suas casas, só tinham notícias ruins e assustadoras sobre a pandemia para se informarem na internet e televisão.

[…] São quase edições especiais, todos os dias, dedicadas ao tópico mais ruidoso do presente, os números crescentes da pandemia, o último desaforo do presidente. […] (Julián Fuks, 2020)

Fonte: Freepik

A “infodemia”, termo lançado em 2020 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), alertava sobre o excesso de notícias sobre a covid-19 e como isso poderia causar problemas de saúde mental para o público que as consumisse em demasia. Entre os sintomas, percebiam-se pessoas ansiosas, deprimidas, sobrecarregadas e emocionalmente exaustas por conta da alta preocupação.

Vale lembrar que esse tipo de situação teve grande destaque com a pandemia, porém ocorre há muito tempo, em inúmeros veículos e com diversos assuntos diferentes. A incitação do medo, por meio de chamadas e manchetes sensacionalistas, gera insegurança em algumas pessoas e sentimentos agressivos, como raiva e ódio, em outras.

Quando as matérias jornalísticas causam ansiedade, insegurança e outros sentimentos, gera também um desejo de consumir mais informações constantemente, para se atualizar a cada minuto sobre o que está acontecendo no mundo. Isso foi possível também por conta do avanço da tecnologia; é possível acompanhar as notícias no mesmo minuto de qualquer parte do mundo.

Em certo momento, a pandemia deixou de ser apenas um problema de saúde pública, e tornou-se uma guerra política. Os defensores do presidente Jair Bolsonaro fazendo “pouco caso” do assunto, ou apoiando o uso de medicamentos inapropriados para o tratamento da doença, e os opositores sempre criticando as atitudes descompromissadas do governante perante o tema.

É claro que grande parte desses acontecimentos deve-se à opinião e ao posicionamento político de cada pessoa. Entretanto, o excesso de notícias sobre o assunto sem sombra de dúvidas acabou criando uma atmosfera ainda mais pesada em cima do tema e trouxe à tona sentimentos extremamente pesados.

A demonização em cima dos candidatos ou governantes do país acaba gerando ódio dentro das pessoas, a ponto de desejarem a morte desses políticos. Foi assim com o ex-presidente Lula, foi assim com Dilma e também não foi diferente com Jair Bolsonaro. Independente de qual seja o seu posicionamento político, é necessário entender que não é uma guerra e que os representantes são seres humanos, com família, filhos e pessoas que sofrem com toda essa situação.

Por fim, é possível concluir que muitas vezes o jornalismo é sensacionalista, para que se tenha um consumo maior das matérias, seja sobre saúde pública, como mostrado na pandemia, seja sobre política, como sempre ocorreu. Desde o início das notícias já se evidenciava como a política é representada em cada canal jornalístico.

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