O fogo que o presidente não quer apagar

Pantanal supera temporada de 2007 e registra recorde histórico no mês de setembro; descaso na gestão ambiental fica cada vez mais evidente

Pedro Ernesto Maranhão
singular&plural
3 min readOct 12, 2020

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Por Klauber Pavesi, Leonardo Simões e Pedro Maranhão

O ano de 2020 ficará marcado por uma das maiores pandemias da história. No Brasil, temos o fator adicional de diversos problemas ambientais. O Pantanal, um dos maiores e mais importantes biomas brasileiros, está queimando, as perdas estão se tornando irreversíveis e grande parte das lideranças governamentais, que exalta o ‘patriotismo’, demonstra não se importar com o que está acontecendo na região Centro-Oeste do país.

Fogo avança nas margens de um rio. Créditos: simazoran

Ao analisar a repercussão sobre estes fatos na mídia, é possível perceber a guerra política que foi criada e uma polarização evidente. Em grande parte dos veículos que trabalham de forma imparcial, as matérias se encaixam em diversos pontos na análise de discurso. O comportamento das lideranças governamentais ‘’ajuda’’ o jornalista, com tantas mentiras propagadas por quem deveria cuidar do país; é muito ‘’simples’’ para o comunicador gerar uma discussão e produzir diversos conteúdos para um portal.

As notícias sobre os seguidos acontecimentos estão repercutindo em diversos editoriais. No cenário esportivo, foi bastante debatido quando os incêndios tiveram consequências em jogos de futebol, mas sempre tratados com muita superficialidade. Além disso, a Revista Corner produziu conteúdos para as mídias sociais comparando as queimadas com o tamanho do Estádio do Maracanã, o que gerou um grande engajamento sobre o tema em diversas áreas da comunicação.

Bioma é perdido durante queimada. Créditos: design_ua

Grande parte da mídia tratou o problema do Pantanal com viés mais político. Muitos chegaram a acusar destrato por parte do presidente Jair Bolsonaro com o problema e até acusar diferentes, e impossíveis, causadores para a questão das queimadas. O presidente chegou a afirmar que o fogo teria causas naturais ou seriam iniciados pelos próprios índios. Além de pedir um posicionamento mais concreto sobre a real causa do incêndio, a mídia pede a Bolsonaro que justifique a falta de envio de tropas para tentar conter o avanço do fogo e o seu combate. Diversos portais por todo o Brasil pedem mais respeito por um dos maiores biomas do Brasil e do mundo.

Em comparação com outros anos em que incêndios foram registrados ao longo região, o de 2020 é o maior e mais preocupante. O portal UOL fez um comparativo entre a situação desde 1998. O resultado foi que, em apenas 21 dias, a situação já foi pior que em todos os meses completos desde o ano informado. Atualmente, a região contabiliza mais de 5.990 focos de incêndio. O maior número antes desse foi no ano de 2007, onde em todo o mês foram registrados 5.498 focos. Em média 15% da região já foi destruída pelo fogo, cerca de 2,3 milhões de hectares. Sendo assim, os portais comparam a situação atual, com números e porcentagens, em uma espécie de infográfico, fazendo um comparativo com os dados dos outros anos.

Cinzas restantes pós queimadas. Créditos: simazoran

Por meio de estudos, portais de notícias estimam que o ecossistema do Pantanal só se irá se recuperar dos danos causados pelas queimadas em pelo menos 50 anos. A região sempre foi uma das mais procuradas turisticamente e todo o estado de Mato Grosso deve sofrer economicamente as consequências. Além disso, fauna e a flora do local foram devastadas junto ao fogo; era comum ver pela mídia imagens de animais, muitos que estavam em risco de extinção, carbonizados pelo fogo. A utilização de ilustrações pareceu ter sido escolhida para chocar os leitores e causar incômodo com os acontecimentos.

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