O jornalismo e seu conflito com a desinformação na cobertura da guerra

Com a guerra na Ucrânia, a comunicação vem sofrendo um grande confronto com as narrativas e o excesso de informação

Gabrielle Mantovani
singular&plural
2 min readApr 3, 2022

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Por Gabrielle Mantovani e Marina Genaro

N o dia 24 de fevereiro de 2022, foi noticiado por diversos veículos o início de um conflito entre a Ucrânia e a Rússia, no qual a Rússia decidiu invadir a Ucrânia, gerando uma guerra entre os dois países que perdura há mais de 30 dias. Desde novembro de 2021, a comunidade internacional discorre sobre as ameaças de invasão russa em uma discussão que abrange herança histórica e cultural.

A justificativa do ataque para o atual presidente da Rússia, Vladimir Putin, se refere a pontos não resolvidos no passado. Com isso, por meio da necessidade do imediatismo em divulgar o que está acontecendo diariamente nessas duas regiões, a mídia começou a disseminar diversas informações sobre o caso, porém, isso gerou um grande desafio, pelo fato de nem tudo ser verdade.

A popularização das redes sociais, juntamente com a inclusão digital, fez com que qualquer pessoa se tornasse fonte de informações, dando voz para quem não tinha e prejudicando até mesmo a imprensa, fazendo com que as fake news fossem propagadas.

Um dos exemplos referentes a isso foi quando uma das primeiras imagens circulou nas redes sociais, no início do conflito: um tanque passou por cima de um carro, em Kiev, na capital da Ucrânia, e diversos veículos divulgaram que se tratava de um tanque russo, o qual tinha o objetivo de tirar todo mundo da rua; porém, a informação confirmada disse que se referia a um tanque ucraniano.

Photo by Nati Melnychuk on Unsplash

Outro exemplo que ocorreu nesse momento de tensão foi quando circulou pelos veículos imagens e vídeos da destruição de um prédio residencial no leste da Ucrânia, em Chuhuiv, dois dias após o início da guerra. Apesar da semelhança, as imagens se referiam a uma explosão de gás que ocorreu em 2018 em Magnitogorsk.

Mais um fato relevante, em relação aos aspectos jornalísticos, está na forma em que a mídia se posiciona em relação aos dois países e suas ações, como exemplo, em mostrar a todo momento os ataques que a Ucrânia vem recebendo da Rússia, a agressividade em que os jornais se posicionam quanto aos ataques e raramente é discutido e/ou abordado sobre o posicionamento das pessoas da Ucrânia, ou seja, em determinados momentos, há um grau de parcialidade nos veículos.

Portanto, com essa avalanche de informações, a mídia, juntamente com a gula do imediatismo, acaba divulgando dados e até mesmo noticiando fatos sem veracidade, fazendo com que a responsabilidade com o público e seus leitores seja enfraquecida diante os valores exercidos pelo jornalismo.

Fonte: Record News

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