O Jornalismo e sua desorientação informativa para interagir com o público-alvo
Uma aliança entre opinião e informação, com o desenvolvimento tecnológico, pode enfraquecer a apuração ou corromper o profissional
Por Lucas Beccardi Manara
Atualmente, no mundo da comunicação, o jornalista que não tem uma determinada experiência prática e vivenciada estará sempre vulnerável a opiniões e informações que ele leu ou ouviu desde o momento que nasceu, ou seja, sua opinião genuína e o uso da imparcialidade estarão sempre disfarçados de todas as persuasões ocultas que o profissional consumiu durante toda a sua vida. O compromisso com a informação está entrelaçado com os valores humanos do jornalista; sendo assim, a responsabilidade de um profissional em relatar os fatos sempre vai ser mais importante do que um reconhecimento comunicativo com base em opiniões parciais nas informações divulgadas ao público. O que complica é que muitas vezes não se trata de uma situação consciente. A maior prova disso é pegar a mesma notícia e avaliar como ela é divulgada em diferentes canais, observando mudança de dados numéricos e principalmente no assunto principal daquela informação. No caso das notícias falsas, por exemplo, a informação é repassada na dinâmica frenética das mídias sociais, onde determinado jornalista simplesmente não apurou os fatos por conta própria e, mesmo que seja sem querer, acaba ocasionando muitas vezes a omissão de informações ou detalhes que simplesmente estão errados ou são mentirosos.
Casos recentes sobre a covid-19 no Brasil provaram que em alguns momentos o jornalismo passou a seguir um direcionamento para publicar dados falsos sobre os fatos da pandemia no país, e que por uma questão política teve um direcionamento proposital das notícias, para que o seu público-alvo continuasse a consumir uma ideologia e posicionamento que foi adotado pelo seu governo desde o início. O problema desse caso, que ameaça a conduta e os valores profissionais do jornalista, é que não existe a apuração da notícia, ou seja, são passados apenas dados que foram intencionalmente direcionados ao público-alvo que está unido com o governo e as verdades que eles implementaram; então, diversos jornalistas, consciente ou inconscientemente, deixaram de lado seu compromisso com o povo e com a verdade para divulgar e implementar formas de pensar do próprio partido político. A venda de notícias sobre o uso da cloroquina foi a maior prova dessa linha de posicionamento na área da comunicação, pois a divulgação de uma notícia provada cientificamente como falsa foi passada ao publico como uma solução, desencadeando uma série de confusões, que só aconteceram pela falta de apuração dos fatos ou pelos jornalistas que conscientemente representam os interesses políticos de um governo.
