O jornalismo esportivo imparcial e sensacionalista

João Pedro Jábali
singular&plural
Published in
3 min readSep 22, 2017

Por Frederico Nunes e João Pedro Granado

A mídia esportiva em emissoras abertas no Brasil tem como característica dar uma atenção maior para os clubes que contam com um maior número de torcedores, os famosos times do povão, como por exemplo, Corinthians, Flamengo. A Rede Bandeirantes, que já apresenta em sua grade de programação alguns noticiários de cunho sensacionalista, conta com uma mídia esportiva que segue pelo mesma linha de raciocínio dos noticiários.

Fazendo uma análise focada no programa esportivo “Os donos da bola”, que vai ao ar todas as tardes, por volta das 14h, sendo apresentado pelo ex-jogador corintiano Neto, é possível apontar uma diversidade de situações que podem ser apontadas como erros para um jornalismo que se considera sério e responsável.

O futebol, apesar de ser também uma diversão, é um esporte que mexe com a paixão do torcedor, e sendo assim é preciso ter muito cuidado com o que deve ser falado e como devem ser tratados determinados assuntos. Assim como em vários aspectos da sociedade, e talvez até mais, o futebol é capaz de causar diversas reações nas pessoas, então este cuidado tem que ser realmente grande.

Partindo desse principio, “Os donos da bola” conta com um apresentador que não costuma filtrar seus pensamentos antes de falar, e muitas vezes acaba soltando pérolas que soam como um absurdo para quem assiste. O fato de ser um ex-jogador e não um jornalista desempenhando esse papel talvez crie a falsa impressão de que ele tem o direito de falar qualquer coisa, porém não deveria funcionar dessa maneira já que ali ele está desempenhando o papel de um jornalista. Além disso, a bancada de comentaristas que o acompanha, parece (e provavelmente é) instruída a compactuar com tudo que é falado pelo apresentador e contestar o mínimo possível, por mais que o tema em debate seja um absurdo.

Além do fato do clubismo exacerbado apresentado no programa “Os donos da bola”, outro ponto que deve ser levado em consideração na análise do tipo de jornalismo praticado ali é a criação de notícias falsas, com a intenção de manter a audiência elevada e causar euforia nos torcedores. O maior exemplo disso talvez seja quando Neto cravou a ida do holandês Seedorf para o Corinthians, transferência que nunca aconteceu, assim como inúmeras outras noticiadas no programa.

Assim como as declarações clubistas, essas notícias falsas também mexem com o público, ou seja, os torcedores, que muitas vezes acabam espalhando isso pelas redes sociais e tomando essas informações como verdade. Mas a questão que fica sobre isso é a seguinte: como podemos cobrar tanto os pequenos meios e algumas fontes menores de notícias se um programa de uma empresa como a Band é capaz de dar este tipo de notícias falsas?

O programa apela muitas vezes pelo fanatismo, ou clubismo, já que muitos dos seus integrantes são assumidamente corintianos. Por essa razão, são criados muitos debates e manchetes tendenciosas, em que os argumentos se baseiam muito mais na paixão do que na razão, perdendo totalmente a credibilidade em relação a outros veículos esportivos que conduzem os assuntos com mais seriedade. E isso com absoluta certeza não é jornalismo de verdade.

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