O limite entre a verdade e o interesse do público

Como a história da cantora Luísa Sonza nos mostra as prioridades do trabalho de blogs e portais de notícia de entretenimento

Thais Paiva
singular&plural
2 min readOct 13, 2020

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Por Thais Paiva

(Pixabay License)

Nas últimas semanas, o país foi tomado nos portais de notícias, de fofocas e entretenimento pelas atualizações da vida social de Luísa Sonza, de 22 anos. A cantora e compositora começou seu trabalho no YouTube em 2015 com um canal de músicas. Sua ascendência à elite das mídias sociais foi em 2016, quando começou seu relacionamento com o comediante Whindersson Nunes. Os boatos relacionados à sua vida existem desde então. Ela era tratada como “muita areia pro caminhãozinho” do humorista e por isso deveria estar com ele por marketing, tudo baseado em suposições e invenções de blogueiros e jornalistas para viralizar.

O casamento de Luísa com Whindersson aconteceu em 28 de fevereiro de 2018 e durou dois anos, até a separação em abril de 2020. Novamente a cantora vinha sofrendo com o julgamento da sociedade sobre ter usado da influência de Whindersson, mas o auge das situações fakes e expositivas foi quando Luísa oficializou seu namoro com Vitão em setembro do mesmo ano. Para isso ela postou uma foto no Instagram que se tornou a foto mais comentada de toda a plataforma social. Porém, os comentários eram de ataque.

Analisando como blogs e portais de notícias abordaram a situação é possível ver a transformação de detalhes em grandes notícias; algumas vezes sendo detalhes falsos. Ainda no mesmo dia em que os cantores oficializaram a relação começou a circular na internet que Vitão teria comentado “meu casal” em uma foto antiga do perfil de Whidersson Nunes. Diversas mídias falaram sobre isso, usaram isso para o marketing e nem se deram ao trabalho de verificar a veracidade.

Os “ataques” da mídia foram todos direcionadas a mulher. Luísa foi tratada como traidora na relação com o comediante e que o usou como “escada” para o sucesso. Além de muitas pautas relacionadas a ela apenas existirem por ela ser mulher, contradizem e questionam suas roupas, se suas palavras são indiretas para o ex-marido e quando o “affair” com Vitão começou. Infelizmente é isso que as mídias fazem, a própria falou em suas redes sociais que “Mulher é tratada pior que cachorro”, porque ela não pode ter liberdade de tomar decisões, que a mídia já está no pé para criar conspirações.

O questionamento que fica é: “Por que é necessário existir um vilão para a história? Por que a mídia precisa criar um vilão?”. Isso pode ser respondido por meio da abordagem do interesse do público, afinal os portais de notícias de entretenimento são moldados pelo que mais gera repercussão. Mas precisamos perceber que estamos transformando uma história verdadeira em narrativa fantasiosa. Ao invés de divulgar a verdade, a estamos moldando para alcançar likes.

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Thais Paiva
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Descobrindo o máximo de histórias em um mundo desigual.