A influência da mídia no nível técnico do futebol brasileiro

Pedro Cunácia da Rocha
singular&plural
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2 min readNov 29, 2017

Por Pedro Rocha

A relação entre o futebol e os meios de comunicação sempre foi bem intensa. No futebol brasileiro, isso não é diferente. Desde a década de 1970, o esporte praticado no mundo todo se tornou uma “indústria do entretenimento”. Depois da Copa do Mundo, realizada no Brasil, isso ficou mais evidente com a construção das novas arenas. Preços altíssimos nos ingressos e uma elitizada no público que comparece nos estádios. Paralelamente, os meios de comunicação não ficaram para trás. Tanto os espaços publicitários das partidas televisionadas, como propagandas relacionadas ao futebol, influenciam diretamente no nível técnico das partidas.

A rede Globo, por exemplo, tem influência total. Além de exibir mais jogos do Corinthians, a cota de distribuição das receitas não é equivalente para todos os clubes. Os clubes se tornam escravos das redes de transmissão. Na Inglaterra, os times recebem a mesma quantidade de dinheiro com as cotas de transmissão, uma atitude que possibilita as equipes menores terem cifra para se reforçarem. No Brasil, isso não acontece. Equipes do Nordeste e Norte do país começam o ano com desvantagem em relação a isso. Isso sem contar dentro do próprio Rio, ou Sudeste do país, onde Flamengo e Corinthians são os mais beneficiados.

O calendário elaborado pela CBF também é planejado de acordo com a mídia, ou seja, tanto o horário, como o dia em que algumas equipes jogam são com base no que a televisão pode transmitir. O resultado disso é um calendário lotado, com jogos de quarta-feira e final de semana. Os clubes, endividados cada vez mais, pedem melhoras, mas não abrem mão da grana que entra nos cofres com essas regalias que a mídia oferece.

A ideia do texto é criticar a mídia no sentido da desigualdade que ela oferece. O objetivo das redes de transmissão não é melhorar o nível técnico do futebol brasileiro, mas sim lucrar com o esporte do povo. Para melhorar um pouco a qualidade por aqui, deve existir uma mudança no planejamento do calendário e uma distribuição igualitária das receitas televisivas. Não é errado passar mais jogos de um ou do outro, porém o valor fornecido pelas emissoras que detém os direitos é.

É preciso mudar, mas, para isso, clubes e emissoras necessitam abrir mão de regalias, em prol da distribuição de renda igual para todas as equipes. E isso também só deve acontecer quando as diretorias se conscientizarem e não deixarem o time em um balanço financeiro no vermelho todo mês.

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