O que o governo Dilma representou para o país: fatos vs. mídia

Maria Fernanda Mantovani
singular&plural
Published in
3 min readMay 29, 2018

Por Amanda Gonzales e Maria Fernanda Mantovani

O Brasil é uma sociedade construída a partir de uma cultura enraizada a princípios machistas e de patriarcado. Em quase todos os âmbitos de nossa sociedade, os homens possuíram uma superioridade em relação às mulheres e na política não é diferente; a participação masculina sempre foi maior, e consequentemente, as políticas públicas voltadas para as mulheres demoraram a fazer parte da nossa constituição.

Os movimentos feministas começaram a ter espaço no país ainda no início do século XX quando as discussões acerca dos deveres e dos direitos das mulheres se acenderam como nunca. Em 1932, no governo de Getúlio Vargas, foi garantido o sufrágio feminino e o direito ao voto e à candidatura e um ano após isso, foi eleita a primeira deputada federal brasileira Carlota Pereira de Queiróz. Com o passar do tempo, a inserção no meio politico só aumentou e as mulheres começaram a conquistar ainda mais, como o acesso a métodos contraceptivos, saúde preventiva, tentativa de equiparação salar ial, proteção e apoio em caso de violência doméstica e/ou assédio etc. Em agosto 2016, o Brasil ocupou o 155 lugar no ranking de igualdade ente homens e mulheres na política Segundo levantamento do IPU (Inter-Parlamentary Union). Atualmente, 10% da Câmara dos Deputados é formada por mulheres e no Senado, elas são 13% cento.

Chegamos na atualidade, onde uma mulher foi eleita presidente da república e prometeu em sua campanha política estar cada vez mais atenta às necessidades femininas no Brasil. Com o seu impeachment, o atual presidente Michel Temer entrou no poder e infelizmente não continuou com as mesmas ideologias, dando prioridade para outros setores que até prejudicam as mulheres, como a reforma da previdência social e outras medidas.

É evidente que a mídia trata os dois governos de forma completamente diferente, mas até então, injusta. Prova disso são as milhares de matérias contrárias ao governo de Temer e favoráveis ao impeachment da ex-presidente. Mas será que o problema realmente foram “pedaladas” — que, vale dizer, a Constituição não alega como crime de responsabilidade — da presidenta? Outros 17 governadores fizeram a mesma coisa e não houve ou há nenhuma campanha para o impeachment deles. E então fica claro notar que a mídia sofre uma bipolaridade: as matérias não são mais apenas informativas, viram praticamente propagandas políticas enganosas.

Prova disso é comparar matérias de grandes jornais e revistas como Veja, Isto É, Folha, O Estadão, Rede Globo, etc. As expectativas para o governo Temer eram positivas, um mar de rosas. Enquanto isso, retratavam o governo Dilma como o governo do caos. É perceptível em capas também: ao retratar Temer e seu governo, utilizavam cores frias (branco, azul, verde), enquanto para Dilma eram cores quentes (amarelo, laranja, vermelho e preto). Para ilustrar isso, uma comparação de duas capas de um mesmo veículo, a revista Isto É.

O governo Dilma deixou um legado para nós, principalmente mulheres. Se mostrou não somente preocupado com as necessidades femininas, mas também com as necessidades de minorias e classes sociais mais baixas. O governo fez diferença no país não só por ter uma mulher no poder, mas sim por ter uma mulher consciente de seu lugar na sociedade e consciente das desigualdades sociais e de gênero e, ainda melhor, ter lutado contra isso, o que inspirou todas as outras mulheres a buscarem o seu lugar e acreditarem que podem alcançar. Esperamos que um dia, a mídia possa realizar o mesmo trabalho.

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