Oi, sumida! Ou liberdade de imprensa ainda é válida em 2019?

Letícia Imperador
singular&plural
Published in
3 min readDec 18, 2018

Por Letícia Imperador

2018 definitivamente não foi um ano fácil por diversos aspectos, mas a eleição para presidente, que ocorreu no mês de outubro foi um dos acontecimentos mais marcantes para o Brasil. A começar pelo fato de que foi a eleição mais polarizada desde a redemocratização, com inúmeros ataques contra a cobertura da imprensa tanto de candidatos da direita, quanto dos candidatos da esquerda. Foi perceptível também que os tradicionais veículos de imprensa sofreram a inconstante e desleal concorrência das fake news e passaram boa parte do tempo desmentindo-as (ou ao menos, tentando). Um exemplo claro disso foi quando a jornalista Patrícia Campos teve uma matéria publicada na Folha de S. Paulo sobre o Caixa 2 que Bolsonaro teria feito para sua campanha presidencial baseada em fake news. O presidenciável — agora eleito — fez um vídeo em suas redes sociais incitando seus apoiadores a “desmentir” a Folha de S. Paulo, dizendo que o jornal é de esquerda e petista, Bolsonaro também disse que iria bloquear verbas publicitárias federais para veículos que não ajam de “forma digna”, ou seja, favorável ao governo (e a liberdade de imprensa, onde foi parar, presidente?).

Apesar da grande maioria dos veículos de comunicação cumprirem seus papéis de apuração e checagem das informações referentes à política, algumas pessoas nunca estiveram preocupadas com o conteúdo da informação, mas estavam somente interessadas em ler aquilo que elas queriam e tomavam como verdade, o que acabava que essas notícias falsas estavam sendo disseminadas em grupos do aplicativo Whatsapp, no feed do Facebook em vídeos curtos e editados, imagens ou memes.

Essa depreciação da imagem da mídia tradicional se evidenciou também pelo crescimento de importância e credibilidade dos influenciadores digitais. Muitos se posicionaram ao lado de Haddad e outros ao lado de Bolsonaro. Como por exemplo, a jornalista Rachel Sheherazade, que sempre se manifestou sendo de direita e com discursos de ódio como “adote um bandido”, e aderiu a campanha anti-Bolsonaro em seu Twitter. Esse e outros casos movimentaram enxurradas de ódio pelas redes sociais, um movimento de polarização que refletiu nos grandes jornais. É evidente que os leitores não conseguem mais enxergar a imparcialidade e credibilidade do jornalismo. Basta apenas não favorecer seu candidato, que a massa posiciona o veículo, o depreciando e diminuindo. É um fenômeno que podemos relacionar a bolha social: a pessoa está tão acostumada a só receber informações parciais e de acordo com seus gostos que o jornalismo causa estranheza. Sendo assim, ela não consegue aceitar a informação.

Esse fato gerou uma grande guerra de desinformação e está claro que estamos vivendo em uma época onde as pessoas não estão acostumadas a ler e passar o olho rápido nas manchetes virou hábito. Certamente, as fakes news não seguem os padrões éticos de uma notícia jornalística, mas infelizmente acabam sendo aquilo que o leitor quer ver, ou seja, ser informado de modo rápido e fácil, com uma manchete chamativa e alarmista, ganha a curiosidade do leitor e em poucas linhas é dito tudo o que se queria referente ao partido ou político. Por isso elas interferem diretamente, pois não são apenas notícias erradas ou falsas, são informações manipuladas para enviesar o discurso da grande massa.

Neste momento, enquanto ainda há o mínimo de tempo e esperança, seria necessário buscar respostas para reconstruir a imagem da mídia, que encontra-se frágil e ameaçada para o início de 2019.

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