Opiniões podem arruinar a vida do próximo

Deve-se tomar cuidado quando é feita uma opinião, principalmente com uma influência enorme na sociedade; isso pode acabar com uma carreira

Arnaldo Dib Filho
singular&plural
3 min readApr 3, 2022

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Por Arnaldo Dib e Lucca Rédua

Entre os fatos noticiados ocorridos recentemente, poucos permitem a análise ao redor dos valores profissionais jornalísticos, já que, em sua maioria, não apresentam pluralidade, autonomia e complexidade, não passando de um fato noticiado. Entretanto, uma reportagem, noticiada em primeira mão pelo Fantástico chama a atenção por apresentar todos esses artefatos. O caso do vereador do Rio de Janeiro Gabriel Monteiro, que foi acusado de assédio moral, sexual, estupro, má participação em seu cargo de vereador e também por forjar seus vídeos que são postados em seu canal.

Com base na análise do caso, percebe-se que a notícia se enquadra em diversos critérios de noticiabilidade (proximidade, política, personalidade e acusações fortes). Por conta disso, é apresentada em um dos principais programas da emissora (Globo), em horário nobre.

É possível perceber nas manchetes produzidas pela Globo a predominância de de sempre apontar ao mesmo lado: culpa do vereador. Ao entrevistar um acusado de crimes sérios como estupro, imagina-se que a intenção é ouvir o lado do acusado da história mas, nesse caso, o repórter leva a entrevista como se o vereador já estivesse condenado pelo sistema Judiciário.

A complexidade do caso se dá pela maneira com que foi conduzida a reportagem e a entrevista ao político, visto que a emissora levou ao ar cortes da entrevista, em sua maioria, comprometedoras para Gabriel, abrindo mão da imparcialidade necessária para cobrir casos que não têm fechamento oficial. Ao mesmo tempo, nas redes sociais, circulam imagens e cortes da mesma entrevista em que fica claro o despreparo do repórter e fica evidente que ele procura constantemente a difamação do vereador.

Vereador Gabriel Monteiro durante entrevista ao jornalista Pedro Figueiredo Foto: Reprodução/Fantástico (TV Globo)

Como exemplo, o repórter Pedro Figueiredo fala sobre o caso em que o Gabriel Monteiro forjou um vídeo para parecer mais emotivo ao público. O entrevistado se defendeu falando sobre o porquê queria o vídeo mais emotivo, que seria para as pessoas se comoverem mais com a história e contribuir com uma vaquinha feita para uma menina. No caso essa vaquinha arrecadou mais de R$70.000,00. Gabriel faz essa indagação com uma pergunta ao repórter que se recusa responder. Outro momento onde fica evidente que o repórter quer difamar o ex-PM é quando ele fala sobre sua má participação na política e apresenta suas faltas. Nesse momento Gabriel Monteiro pega o relatório de toda sua participação durante seu mandato que mostra o contrário do que o repórter afirma (acompanhe pelo link: https://twitter.com/gutofreire1985/status/1507818298200797198?s=24)

A emissora Globo, através do Fantástico, utilizou da sua influência para julgar o acusado, apresentando a entrevista com partes que comprometem a vida do vereador. Mesmo que a matéria tenha um tempo pré-estabelecido de duração e que não seja possível colocar o material bruto, a edição da matéria não mostrou as partes em que Gabriel Monteiro se defende das acusações e mostra os contrapontos. Isso não é o papel do jornalismo, não deve-se julgar enquanto o sistema judiciário ainda não toma a sua decisão e, infelizmente, a Globo fez isso podendo acabar com a vida de uma pessoa perante ao olhar da sociedade.

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