Os olhares do público sobre o caso de Amber Heard e Johnny Depp no decorrer dos anos
A separação dos atores, acompanhada de denúncias de violência doméstica e difamação, teve diversas interpretações devido à cobertura midiática
Por Eduardo Brollo, Maria Luiza Priori e Vitória Campos
O mundo do entretenimento é marcado pelo culto a celebridades e alto interesse do público em notícias sobre celebridades. Quando os acontecimentos envolvem questões polêmicas, a cobertura da mídia sobre o caso tente a aumentar e o consumo das notícias sobre ele também. Por exemplo, pode-se citar o divórcio de personalidades públicas que receberam uma atenção midiática considerável, como Woody Allen e Mia Farrow ou Brad Pitt e Angelina Jolie.
Um caso mais recente foi a separação de Johnny Depp e Amber Heard. Os dois atores foram casados entre 2015 e 2017, tendo iniciado o relacionamento em 2013. O divórcio foi seguido de acusações de violência doméstica, difamação e danos morais. Apesar de o processo ter sido concluído na época, um novo capítulo teve início em 2022, após as acusações.
Ainda em 2017, Heard denunciou judicialmente o então marido de abuso emocional, verbal e físico excessivo, divulgando imagens de uma possível agressão. Após o ator ter negado a acusação, o juiz que julgou o caso deu a Heard uma medida protetiva temporária. Poucos dias depois, ambos divulgaram uma declaração conjunta que informava sobre o relacionamento ter sido muito passional, mas que chegou ao fim.
O acordo do divórcio foi de US$ 7 milhões, que Heard prometeu doar à União Americana de Liberdades Civis, algo que foi contestado por Depp. Apesar da história aparentemente ter se encerrado, a cobertura da mídia sobre o caso foi intensa, especialmente desfavorecendo a imagem do ator acusado. Nos anos seguintes, Depp perdeu diversos papéis no cinema, incluindo na saga “Piratas no Caribe”.
Caso não encerrado
Em 2018, Heard publicou um artigo de opinião para o jornal The Washington Post, falando sobre a cultura de abusos contra mulheres. “Tive a rara vantagem de ver, em tempo real, como as instituições protegem os homens acusados de abuso”, escreveu. Apesar de não ter endereçado um suposto agressor, o público e a mídia relacionaram o depoimento com o relacionamento da atriz com Depp.
Sobre a acusação, que influenciou no declínio da carreira de Depp, o advogado do ator alegou a falsidade da declaração. “A implicação clara do artigo de que Depp é um agressor doméstico é categoricamente e comprovadamente falsa”, disse. Porém, conforme a acusação era divulgada ao público, a desaprovação sobre Depp já era clara.
A imagem midiática do ator piorou ainda mais quando foi chamado de “espancador de esposa” em reportagem do jornal britânico The Sun. Depp deu início a um processo contra a editora do veículo, o qual acabou perdendo. Em seguida, o ator também perdeu seu papel na saga “Animais Fantásticos e Onde Habitam”. Dessa forma, pode-se observar como a influência da mídia pode incentivar processos e decisões jurídicas.
Retorno ao tribunal de justiça
Em 2022, o caso volta ao tribunal em formato de uma acusação de difamação. Enquanto Depp processa Heard por U$ 50 milhões, a atriz processa o ator por U$ 100 milhões. Com o assunto de volta ao destaque midiático, o público se divide com a imensa quantidade de acusações de agressões vindas de ambas as partes.
De maneira geral, a cobertura midiática do caso serviu para dar força ao sentido polêmico do conteúdo, mesmo sem evidências comprovadas. Inclusive, de comprovações jurídicas que alimentam ainda mais essa confusão. Por muito tempo, diversos veículos retrataram Heard como uma vítima de violência doméstica e Depp como seu agressor.
Agora, com os novos depoimentos, junto à cultura da internet em criar “memes”, o caso se torna um dos mais duvidosos entre os divórcios de celebridades. As acusações que antes eram interpretadas com seriedade, se mostram como um grande circo. O papel da mídia nisso é reportar cada declaração, enquanto o público se engaja com a situação.
