Os padrões de beleza impostos pela mídia

Marcos Guilherme
singular&plural
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3 min readSep 21, 2017

Por Marcos Guilherme e Mariana D’Avila

Foto: Pixabay

O poder que a mídia e seus veículos possuem é inegável no nosso cotidiano. Mesmo não sendo notado por muitos, é totalmente capaz de revolucionar uma sociedade quando, imensuravelmente, consegue fazer com que toda uma população mude sua forma de pensar, de se vestir e de se comportar.

Os veículos de mídia, como as revistas, por exemplo, estampam em suas capas e matérias pessoas com corpos raquíticos ou definidos, sem defeitos nenhum. E nós sabemos que a vida real não funciona desse jeito. O que vemos são pessoas comuns, nem sempre magras, exuberantemente bonitas, com imperfeições. Não há photoshop na vida real como há nessa visão midiática de que o belo precisa ser perfeito.

O que podemos notar é que a mídia sugere que o belo só se encontra na juventude, na magreza, na pele e nos cabelos sedosos, nos manequins 34, nos ossos aparecendo como marca do que é extremamente importante para ser feliz. Tudo o que podemos ver nas revistas, nas fotografias, no instagram, seja onde for, não condiz com o que vemos quando andamos nas ruas, quando nos deparamos com pessoas que não usam a própria vida como porta de entrada para o que a mídia diz ser certo ou não. O que vemos nos meios de comunicação nunca vão condizer com o que é o real. Mas, com essa influência exercida sobre a cabeça das pessoas, os veículos de comunicação criam um desejo nas pessoas, de que elas deixem de se amar como são para crerem que só serão bonitas se forem como as pessoas das capas de revista.

As mulheres, com esse desejo assíduo de mudarem o que são, acabam criando problemas muito maiores do que só o desejo de mudança. Grande parte desenvolve a depressão, são vítimas de transtornos alimentares e transtornos psicológicos. As tarefas do dia-a-dia acabam se tornando cada vez mais difíceis, pois são feitas com menos tento. Fixa-se na cabeça de que enquanto o reflexo do espelho não condizer com que é visto na mídia, a vida não é boa o suficiente para ser vivida. Depois de anos atrás de liberdade, as mulheres se aprisionam dentro de si mesmas, o que é muito mais triste do que qualquer outra prisão.

Vemos todos os dias surgirem novos produtos de emagrecimento: pílulas, sucos, comidas diet, light e zero, shakes, aparelhos de academia para se exercitar em casa, academias com propostas inovadoras, aplicativos com vídeos de exercícios pra se fazer onde estiver, revistas cheias de dietas que prometem emagrecer em poucos dias, cosméticos, cirurgias plásticas, redução de estômago, entre tantas outras coisas que nos deparamos todos os dias.

“O padrão inatingível de beleza amplamente difundido na tv, na revistas, no cinema, nos desfiles, nos comerciais penetrou no inconsciente coletivo das pessoas e as aprisionou no único lugar em que não é admissível ser prisioneiro: dentro de si mesmas. Tenho bem nítida na mente a imagem de jovens modelos que, apesar de supervalorizadas, odiavam seu corpo e pensavam em desistir da vida. Recordo-me de pessoas brilhantes e de grande qualidade humana que não queriam frequentar lugares públicos, pois se sentiam excluídas e rejeitadas por causa da anatomia do seu corpo” (CURY, 2005, p. 6).

Essa busca descontrolada pela beleza já causou muitas mortes. A vontade de ser aceito pelo o que a mídia determina se tornou algo quase inatingível devido a sua imensa influência com a cabeça da população. É preciso estar atento e valorizar o que nós somos de verdade, como seres humanos. Gostarmos de nós mesmos, ter autoconhecimento e nunca esquecer que o corpo humano é frágil e necessita de cuidados. É importante se amar o bastante para saber encontrar o equilíbrio das coisas. A vida precisa de caminhos sem grandes inquietações, sem muitos exageros. É preciso buscar dentro de si o que é o mais importante: amor próprio, é preciso compreender que temos que estar bem conosco, e entender que os padrões de beleza impostos pela mídia são enganosos.

Referência bibliográfica

CURY, Augusto. A ditadura da beleza e a revolução das mulheres. São Paulo: Arqueiro, 2005.

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