País ou mídia do futebol?

Isadora Travagin
singular&plural
Published in
2 min readMar 23, 2018

Por Isadora Travagin e Beatriz Cerrato

A mídia esportiva em geral no Brasil é majoritariamente tomada pelo futebol, melhor dizendo pelos grandes clubes do mundo da bola, focados em regiões do país. Por exemplo, no estado de São Paulo ouvimos muito sobre Palmeiras, São Paulo, Santos e Corinthians; já no Rio de Janeiro, quem comanda os noticiários locais são o Flamengo, Fluminense, Botafogo e Vasco; e em Minas Gerais, quem dita é o Atlético Mineiro e também o Cruzeiro.

Neste texto, vamos analisar majoritariamente programas televisivos, no entanto vale ressaltar que as características citadas acima aparecem em vários tipos de mídia esportiva: programas televisivos (tanto de canais abertos quanto fechados), revistas, programas radialistas, jornais impressos, sites, blogs, entre muitos outros.

Os programas televisivos são, em sua maioria, de entretenimento e passam próximo ao horário de almoço, como uma descontração em um horário considerado sagrado para quem trabalha e/ou estuda. Em alguns casos, como em TV a cabo (ESPN, SporTV, FoxSports) há uma programação voltada para o esporte intensivamente. E o enfoque é sempre o mesmo: futebol.

Os programas de vez em quando possuem matérias ou entrevistas, mas, em suma, é composto por quatro apresentadores e/ou comentaristas que ficam dando suas opiniões sobre os gigantes do futebol — isso não é excluído de emissoras abertas como Globo, Band e Record. É importante lembrar que esses programas levam nomes esportivos (GloboEsporte, Esporte Espetacular, Esporte Fantástico, etc) e não futebolísticos.

O Brasil é o país do Futebol, e essa cultura se deve muito ao fato do espaço que as mídias reservam para o esporte. A mídia é do futebol, até mesmo mídias noticiosas gerais mais sóbrias de alta relevância como o Jornal Nacional, Jornal da Band ou Record. O futebol se tornou algo tão grandioso que quando perguntamos à uma criança o que ela quer ser quando crescer ela responde: jogador de futebol.

Vale ainda ressaltar que quando falamos em futebol neste texto, falamos do futebol masculino. Acontece que o futebol feminino e as demais modalidades não recebem tamanho crédito, com exceção da época das Olimpíadas, na qual se dá mais atenção para todos os esportes em geral. De vez em quando, aparece uma ou outra notícia sobre tênis ou basquete, mas apenas quando é um título ou algo extremamente relevante e, mesmo assim, são matérias bem mais curtas do que as sobre o Campeonato Brasileiro, Libertadores da América ou Champions League, por exemplo.

Pode-se perceber que cada vez mais as pessoas estão migrando para outras plataformas midiáticas, buscando notícias e informações sobre as modalidades que lhe interessam em outras plataformas. Um ótimo exemplo disso é o próprio YouTube: os youtubers estão fazendo mais sucesso que comentaristas televisivos porque eles dão a oportunidade de escolha — você escolhe o que quer ver e quando quer ver, categorias como futebol feminino, basquete, tênis, vôlei, handebol e e-Sports ganham voz.

A TV ainda tem muita audiência, é claro, mas a tendência é essa: os receptores da informação se isolarem, buscarem conhecimento apenas sobre o esporte que mais lhe agrada, e ficar alienado sobre outros temas.

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