Por que a depressão também atinge artistas?

Marcela Del Nero Paulino
singular&plural
Published in
3 min readNov 22, 2018
Foto por Vitalis Hirschmann on Unsplash

Por Marcela Del Nero e Tawane Barbosa

Falar sobre transtornos mentais costuma ser algo polêmico, principalmente com o advento da internet pela capacidade de propagação do assunto. Porém, esse tipo de coisa é pouco comentada quando se refere à personalidades públicas, como se apenas pessoas anônimas sofressem com isso. É desse ponto que a matéria intitulada “Anitta fala sobre depressão em série: por que artistas têm o problema?”, de Don Josua, da editoria Viva Bem, portal UOL, que fala sobre a relação entre os artistas Freddy Mercury e Anitta e os transtornos mentais retratados em seus documentários.

Pessoas da indústria cultural, segundo a teoria crítica frankfurdiana, possuem um papel fundamental na influência social, sendo assim, é de extrema importância que essas pessoas falem sobre esse tipo de assunto que atinge boa parte da população, mas é pouco exposto quando se trata de pessoas com grande influência.

Nos dois primeiros parágrafos em que Josua começa a fazer a comparação da vida dos dois artistas, ele expõe um fator genético – por serem criativos e, por consequência, criarem canções tristes – e a própria vida dos artistas no geral. Esse tipo de “diagnóstico” se torna irrelevante, uma vez que a criatividade tão pouco tem a ver com transtornos mentais, tal qual a depressão.

No momento de análise do filme de Freddy Mercury é que conseguimos perceber que, apesar da fama e do dinheiro, a vida de um artista não é só flores. Levar uma vida repleta de pessoas a sua volta, multidões em estádios, casas de shows e mesmo assim se sentir sozinho, é muito comum na vida de um artista. Nesse momento, é possível que o leitor se identifique com o conteúdo por conta de vivências. ou qualquer tipo de construção anterior sobre o assunto.

Quando analisa o documentário de Anitta, Josua relembra que o celular é um personagem presente nas gravações. “A necessidade de agradar o tempo inteiro; estar sujeita a críticas e elogios a cada segundo e o fardo de precisar agradar parecem pesar em seus ombros”, nessa frase podemos perceber como a linguagem passada pela cantora pode ser vista pelos espectadores.

Tendo em vista um todo da série, as imagens onde Anitta cria um diálogo com seus seguidores é frequente, porém logo que acaba de fazer essa conversa, sua cara fecha dando um tom depressivo para o momento.

Tanto o filme quanto o documentário buscam apresentar a realidade de duas estrelas da música, dadas proporções e épocas.

A comparação que Josua faz com a vida de pessoas reais mostra a complexidade de analisar a depressão do próximo apenas assistindo apenas uns episódios ou então duas horas de filme. Nós nunca sabemos como o próximo realmente está se sentindo.

O diálogo do texto com os leitores fica claro nos últimos dois parágrafos com uma pergunta: como os famosos tem forças o suficiente para superar a depressão e voltar aos holofotes com toda pressão que a mídia cria em cima deles?

Sem resposta, provoca no leitor um questionamento sobre suas experiências e vivências e nos transporta a tentar nos colocar na pele de quem está passando por uma situação como esta.

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