#PraCegoVer: Handebol? Nunca nem vi!

Pri Cavallaro
singular&plural
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2 min readMar 27, 2018

O impacto da imparcialidade no jornalismo esportivo

Por Marcella Bellotti e Priscila Cavallaro

Em 2013, de acordo com uma pesquisa do IBGE, o handebol era a 10ª modalidade mais praticada no país, na qual cerca de 1,6% da população a praticava. Em contrapartida, o futebol ocupa o primeiro lugar com 42,7%. Esses números realçam a preferência nacional.

A questão aqui é: até que ponto a mídia perpetua o futebol no cotidiano dos brasileiros? Você já parou pra pensar que dos sete dias da semana em pelo menos dois deles existem jogos de futebol sendo televisionados por, aproximadamente, três horas em algum canal da televisão aberta?

As notícias, reportagens e transmissões serão voltadas para as modalidades com maior representatividade no país, pois, de acordo com Rowe (2006), “o esporte passou a ser usado para atrair audiências para [a mídia em geral], onde bens e serviços e marcas corporativas poderiam ser expostos, e, de fato, vendidos como itens de consumo.” Com o passar dos anos, a mídia esportiva se tornou cada vez mais um meio de consumo e menos um canal informativo, por isso, é tão raro que um jornal, seja ele impresso ou não, ofereça o mesmo espaço dado ao futebol à um esporte como o handebol.

Neymar, Felipe Coutinho, Daniel Alves, Paulinho… Tite! Pergunte à pessoa mais jovem que conhecer, pergunte àquele sobrinho(a) que começou a chutar uma bola agora: ele(a) vai saber quem são. Isto se já não tiver uma camisa com o 10 estampado nas costas.

Em julho de 2017, apesar de ter patrocinadores como o Banco do Brasil, a seleção juvenil de handebol de areia teve sua ida ao Campeonato Mundial da modalidade cancelada devido à falta de verba. Mesmo com jogadores brasileiras brilhando no exterior, todo mundo só quer investir em futebol por causa da Copa do Mundo. A exposição e a divulgação geram interesse. O interesse gera patrocínio. O patrocínio gera desenvolvimento…

Até que ponto o jornalismo esportivo continuará tão parcial neste quesito? Será que os jovens que sonham em ser Tiago Leifert sabem que não se trata só de futebol? Expandir o horizonte, é isto que precisa ser feito. Uma remodelagem do exercício do jornalista esportivo? Sim! Esporte é tudo aquilo que te faz exercitar o corpo. Saia dos gramados e entre nas quadras, nas arenas, nas piscinas… Mais atenção aos demais!

É necessário haver um equilíbrio na mídia esportiva. A demanda de todos precisa ser atendida e todas as modalidades praticadas no país precisam ter as mesmas oportunidades dentro do canal midiático, a fim de conquistar investidores. E talvez, então, a tão sonhada paixão nacional!

Referências Bibliográficas

BRASIL. MINISTÉRIO DO ESPORTE. Centro de Desenvolvimento do Handebol — São Bernardo (SP). 2016. Disponível em: <http://www.esporte.gov.br/index.php/ultimas-noticias/209-ultimas-noticias/54547-centro-de-desenvolvimento-do-handebol-sao-bernardo-sp>

ROWE, David. Sport, Culture and the Media. 2 ed. Buckingham: Open University Press, 2006.

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