Qual a verdade sobre Cuba no Programa Mais Médicos?

Gustavo Marques
singular&plural
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3 min readNov 22, 2018
Fonte: Pixabay

Por Amanda Martins e Gustavo Marques

Para dar início à este artigo, escolhemos como tema a saída do governo cubano do Programa Mais Médicos, assunto que está com grande repercussão nos últimos dias. Brevemente explicando, o programa consiste em trazer médicos de outros países para que eles, desta forma, auxiliem e supram a carência de profissionais nos municípios do interior e nas periferias das grandes cidades brasileiras.

A decisão, anunciada na quarta-feira (14), foi atribuída às declarações do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), que questiona a qualificação de médicos cubanos e manifesta intenção de modificar o acordo, exigindo revalidação do diploma.

Para isso, decidimos aplicar aqui uma linha de análise crítica que compreende a comunicação como linguagem. Segundo uma matéria escrita pelo Portal Educação, “os analistas críticos do discurso acreditam que práticas sociais e práticas discursivas se apoiam mutuamente, e que a linguagem é tanto fonte quanto receptora de processos discursivos, sociais e ideológicos mais amplos” (PORTAL EDUCAÇÃO, 2013, online).

Escolhemos a matéria escrita pelo veículo UOL. Nela, percebemos logo no título o intuito do autor: mostrar que a decisão afetou negativamente Cuba, até porque o programa era sua principal fonte de renda; entretanto, ao falar deste jeito, o Brasil ficou como não afetado, deixando de lado a importância desses médicos no país. A primeira parte inteira da matéria se desenrola a partir do prejuízo que Cuba está tendo e quais as apostas para o futuro.

Seguindo a matéria, o próximo tópico comenta a decisão de Bolsonaro em relação ao programa, citando até colocam que a Casa Branca parabenizou o presidente do Brasil pela sua posição “Em novo gesto de simpatia, a Casa Branca parabenizou Bolsonaro nesta sexta-feira “por tomar posição contra o regime cubano por violar os direitos humanos de seu povo, incluindo médicos alugados no exterior em condições desumanas”. Deste modo, dá a entender que o Brasil fez a escolha certa e que o presidente fez um favor ao realizar tal ato.

Em outro tópico, analisando a linguagem do veículo, ele critica o status de médico no Brasil, no qual são lembrados pelo alto salário, diferente de Cuba, onde a população reconhece o médico pela sua profissão, pela importância dela. “Mas esse reconhecimento não está relacionado à sua renda por meio dos salários, que são insuficientes para cobrir necessidades essenciais, como acontece com os outros trabalhadores que recebem do Estado cubano. O alto prestígio tem a ver com a importância percebida pela população”.

A matéria toda se desenrola com o intuito de defender a sociedade cubana, fazendo comparações até com os Estados Unidos. “É que, apesar do PIB modesto e do isolamento financeiro patrocinado pelos EUA, Cuba consegue manter uma expectativa de vida mais alta que a dos americanos (por volta de 80 anos), mesmo investindo menos de um décimo do que os americanos gastam com saúde”. No final, ainda faz uma crítica a decisão feita pelo presidente eleito, dizendo: “Hoje, 8.332 dos 16 mil médicos que atuam no Mais Médicos são cubanos.”

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