Qual o preço das lágrimas de Noah Cyrus?
Por Amanda Sampaio e Larissa Alves
Sites e blogs de fofoca têm ganhado força nos últimos tempos, principalmente com o advento de mídias sociais como o Instagram, que aproximam artistas (até então figuras “inalcançáveis”, vítimas frequentes dos papparazzis) do público geral. Com o passar do tempo, muitos deles tornaram-se seus próprios divulgadores, e expõem abertamente fatos que há um tempo atrás seriam quase impossíveis de serem descobertos.
Um dos blogs mais famosos da atualidade é, sem dúvidas, o do personagem Hugo Gloss. No dia 20 de setembro, foi divulgada a notícia de que Noah Cyrus (irmã da cantora Miley Cyrus) colocou à venda, “por um preço salgado” (como diz o título), suas próprias lágrimas. A atriz terminou recentemente seu relacionamento com o rapper Lil Xan.
Utilizando linguagem informal, totalmente voltada ao público jovem, a matéria de três parágrafos relata que Cyrus “aproveitou que estava chorando bastante para lucrar com isso”. Cada frasco com 20 lágrimas da artista está à venda por cerca de R$ 50 mil.
É fato que o livre mercado permite que pessoas criem conteúdos e teores diversificados, isto é, uma pessoa como Bruno Rocha (nome real do personagem Hugo Gloss) pode julgar o que acha o não necessário colocar nas redes, desde que isso lhe traga retorno, seja ele financeiro ou ascensão social.
Não obstante, a teoria crítica frankfurtiana deixa claro que a indústria cultural tem papel fundamental na influência social. Levando isso em conta, pode-se levantar a questão de que, apesar de livre para escrever sobre o que quer, questões importantes deveriam ser levadas em conta de antemão por Bruno Rocha, como o papel do jornalista e a relevância de certas pautas para o interesse público.
Sabendo que as lágrimas de uma subcelebridade norte-americana não é algo que impacta em aspectos culturais, sociais ou econômicos, fica claro que o interesse do personagem Hugo Gloss na publicação de tal matéria está basicamente na venda.
Dessa forma, pode-se notar que a essência do jornalismo não é algo priorizado não apenas por esse, mas por vários outros canais do mesmo segmento. Deixa-se de lado, então, a principal missão da profissão, para tratar de pautas irrelevantes somente a fim de satisfazer as curiosidades de pessoas comuns sobre a vida alheia e, como disse o próprio Gloss (que nada faz de diferente da atitude de Cyrus), ganhar dinheiro com isso.
