Ilustração de Francella Richmond

Rap feminino, mídia feminista e crítica política

Caminhando junto com a crítica do rap, surge a mídia feminista, em sua maioria de independentes que nasceram a partir de coletivos, como a Revista AzMina e o Blogueiras Feministas

Hyader Epaminondas
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3 min readDec 9, 2018

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Por Hyader Oliveira

A filosofia das periferias tem ganhado cada vez mais espaço e quem tem roubado a cena são as mulheres. Empoderamento e defesa da igualdade de gênero, as minas do rap transformaram o luto em luta, trazendo em suas bases uma extensa representação cultural que enfrenta diariamente o que inspira as letras.

As pautas feministas estão em alta e a luta ganha cada dia mais irmãs, e elas reafirmam a resistência dizendo que a revolução será feminista.

O discurso ganha força com o atual cenário político brasileiro, durante as eleições mais de duas milhões de mulheres se uniram em um grupo no Facebook chamado “Mulheres contra Bolsonaro” e foram às ruas gritar “Ele Não”, contra os retrocessos e ameaças a cortes nos direitos humanos, sociais e claro, o direito das mulheres.

Em dezembro de 2017, a Pineapple Storm lançou as Poetisas no Topo, a representação da mulher no rap a partir de nomes ainda desconhecidos, o aumento da representatividade feminina no rap vem com letras que criticam a política e a mídia de forma sagaz e baseadas em fatos.

Embasadas pela filosofia, sociologia, história e conhecimento das políticas públicas, a música que une todas em um mesmo clipe, começa referenciando feministas que fizeram a diferença na luta da igualdade de gênero, como Bertha Lutz e Celina Guimarães, a primeira mulher a votar no Brasil.

No decorrer do clipe cada rapper se apresenta com diferentes pontos de vista e diferentes temas, do empoderamento de se afirmar no rap nacional e resistir a um cenário que ainda está se abrindo, representado na fala de Nabrisa “Talvez seja porque cês nunca viram várias bucetas junta com tanto flow, postura e disposição, né não. ”

Na última base, a rapper Drik Barbosa já alerta “Ignorância é fato. Cês matam em nome de Jesus. Bando de Bolsonaro”. O alerta é o começo da crítica a cortes de direitos e aumento da violência no período e pós eleições.

Projetos sociais têm nascido dessa junção, como a Frente Nacional das Mulheres do Hip Hop, presente em 15 estados brasileiros.

Caminhando junto com a crítica do rap, surge a mídia feminista, em sua maioria independentes que nasceram a partir de coletivos, como a Revista AzMina e o Blogueiras Feministas que compartilha diariamente críticas ao presidente eleito, Jair Bolsonaro.

Extremamente necessárias em uma mídia tradicionalmente masculina, que define um público elitizado e esquece das leitoras e espectadoras com viés feminista, transformando a mídia tradicional em um local hostil para as mulheres, como podemos ver de forma direta e indireta em diversas programações, como nos assédios em rede nacional feitos por Silvio Santos durante a apresentação do Teleton deste ano.

Assim como o apresentador, o presidente eleito também causa repulsa com um discurso de violência de gênero e cultura do estupro.

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Hyader Epaminondas
singular&plural

Um Jornalista fascinado por cinema, quadrinhos e todas as singularidades multiversais da cultura pop.