Redes sociais influenciam na qualidade do jornalismo virtual
Por Andressa de Ungaro e Leticia Riva
O que significa, para o jornalismo, estar inserido no universo das redes sociais? Por um lado demonstra um alcance alto de pessoas dos mais variados locais e opiniões. Por outro lado, existe uma tendência do novo jornalismo em se equiparar a linguagem e conteúdo que é constantemente bombardeado nesses espaços e que, geralmente, não possuem muita qualidade e são baseadas em achismos.
Existem múltiplas interpretações a respeito do que é jornalismo e a função da pessoa que o exerce. Uma das funções do jornalista é interpretar e traduzir informações, para comunicar, ou na raiz da palavra, tornar comum para o maior número de pessoas possível. Neste quesito, as redes sociais têm dado a oportunidade de fazer com que o jornalismo cresça e alcance novos espaços.
Para Wolf (1999), em seu livro Teorias da Comunicação, os meios de comunicação “constituem simultaneamente um importantíssimo setor industrial, um universo simbólico, um investimento tecnológico em contínua expansão, uma experiência individual cotidiana, um sistema de intervenção cultural e de agregação social” (p. 13).
O conceito de indústria cultural surgiu juntamente com a demanda da sociedade de massas em produzir materiais em série e assim se desenvolver rapidamente. Os sociólogos Theodor Adorno e Max Horkheimer, da Escola de Frankfurt, apresentaram este conceito, demonstrando que a produção de arte só visava buscar o lucro e não se preocupava mais tanto na qualidade dos produtos, mas sim na rapidez e no dinheiro.
Nesse setor industrial houve uma perda significativa da qualidade e neutralidade das reportagens por conta deste novo espaço. Já que a internet é um meio de comunicação que exige muita velocidade, as informações acabam se perdendo ao finalizar uma matéria. Ainda existe a disputa no meio jornalístico sobre quem vai publicar primeiro e com a era da internet isso se tornou ainda mais forte.
Consequentemente, alguns conceitos do universo do jornalismo como a objetividade e imparcialidade também perderam espaço. É produzido aquilo que rende mais cliques e não aquilo que é julgado importante para a área de comunicação. Estes conceitos têm como função elementar transmitir conteúdo com maior clareza. No entanto, hoje em dia, também servem para justificar as más interpretações ou tentar redimir erros da mídia.
A página, Catraca Livre, por exemplo, uma das mais conhecidas por todos, sofre demasiadas críticas pela sua qualidade em passar informações. Após a tragédia aérea que aconteceu com os jogadores do Chapecoense, jornalistas e a tripulação, a página do Facebook publicou matérias inapropriadas para a ocasião gerando um conflito virtual entre os usuários e os jornalistas da publicação. As manchetes traziam desde “Medo de voar? Saiba como lidar com isso!”, “Passageiros que filmam pânico em avião”, “10 mitos e verdades sobre viajar de avião”. De uma forma diferente, tentaram mostrar os dois lados da história, mas se esqueceram da empatia jornalística, por se tratar de uma tragédia.
Após, esse incidente a página compreendeu o seu erro e postou seu pedido de desculpa. Mesmo sofrendo um golpe de credibilidade, ela continua com seus seguidores e tentando se reerguer.
O espaço virtual é sim ideal para construir pontes e diálogos, e gerar informações de qualidade, mas pouco se vê sendo utilizado para este fim. A internet é onde o jornalismo vê a melhor forma de passar conteúdos pois o mundo está conectado, mas estão perdendo seu foco de como passar essa informação.
Referência bibliográfica
WOLF, Mauro. Teorias da Comunicação. 5. ed. Lisboa: Presença, 1999.