Resenhando 'Todos os homens do presidente'

Sandra Crespim
singular&plural
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3 min readSep 19, 2017

Por Sandra Crespim e Luís Menezes

Dustin Hoffman e Robert Redford em cena de "Todos os homens do presidente" (Reprodução – Fonte: IMDb)

Em tempos turbulentos como os que vivemos, o filme Todos os Homens do Presidente, de 1976, se faz muito atual, visto que escândalos rolam a todo momento. Candidatos são postos a prova, presidentes são depostos e tiranos são eleitos. Então, nada melhor que conhecer mais sobre este conceitual filme, que trata do bom jornalismo investigativo e põe à tona mais uma vez a corrupção na política.

Sendo assim, o longa Todos os Homens do Presidente, dirigido por Alan Pakula, é uma obra sobre o real do jornalismo, sobre a realidade e a realização da prática da reportagem. Ele trata do escândalo de Watergate, que ocorreu em Washington, em 1972, e que conquistou as capas de vários jornais em todo o globo.

Sobre o filme: ele tem início com uma reportagem jornalística, mostrando o presidente Richard Nixon diante do Congresso Nacional. Segundo o diretor, o objetivo era mostrar ao público a boa condição do político antes do escândalo, intenção esta alcançada plenamente. Em seguida, vemos o assalto ao prédio do partido democrata.

Após o assalto, o jornal “The Washington Post” designou os repórteres, Robert Woodward e Carl Bernstein, para cobrir o que parecia ser apenas um crime comum, ou como definiu a Casa Branca, “um furto de terceira categoria”.

No entanto, os repórteres Woodward e Bernstein perceberam que havia muito mais coisa por trás daquela história, e com a ajuda de uma fonte sigilosa, conhecida por “Garganta Profunda”, passaram a seguir pistas que indicavam o envolvimento do governo americano no caso.

E o caso, que começou com um aparente roubo no edifício Watergate, acabou desenrolando numa trama de espionagem política que envolvia o então presidente, Richard Nixon.

Nos dias de hoje, Todos os Homens do Presidente (vencedor de quatro prêmios Oscar em 1976, que foi baseado no livro dos dois repórteres) é um clássico da cinematografia mundial e mostra-se muito atual, pois traz discussões que refletem a nossa realidade, visto que hoje em dia que trabalho jornalístico vem perdendo muito. Vimos, com o passar dos anos, que é comum encontrar redações onde as informações são apenas remodeladas para que se tornem notícias. Da mesma maneira, acontece com o relacionamento entre fonte e repórter.

Além do mais, o filme, mesmo sendo de 1976, é um filme conceito para a contemporaneidade, pois alguns jornalistas investiram no enredo como fermento metafórico para discutir questões políticas inclusive no Brasil, como o caso “Collor Gate”, como a imprensa denominou.

Se formos comparar “Todos os homens do presidente” e o caso “Collor Gate”, vemos que eles não são iguais, pois são casos diferentes em países distintos; no entanto, em ambos os casos o papel da imprensa foi o mesmo, a de investigar e falar realmente a verdade, pois a entrevista de Pedro Collor à revista Veja culminou com a entrevista do motorista Eriberto França à Istoé, onde houve aí um paralelo e, consequentemente, o impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello. E foi aí que a mídia se tornou campeã, ao falar a verdade, nada mais que a verdade na escrita de seus textos.

Desejo que não somente o caso “Collor Gate” seja lembrado, desejo que “todos os homens do presidente” nos sirva de exemplo sempre!

Amém.

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