Sensacionalismo na mídia: uma crítica à responsabilidade jornalística
Por Maria Eduarda Webster
Pode perguntar para qualquer criança dos anos 90 algo de “terror” que dava medo e em vez do esperado “Sexto Sentido” se surpreender ao ouvir um “Linha Direta”. Quem não se arrepia só de ouvir a chamada? Ou se lembra de algum exemplo de meses e meses se explorando um caso, uma tragédia, como o caso Nardoni ou até mesmo o surto psicótico de Britney Spears em 2007? Em volta de todos esses exemplos a mídia, como um urubu faminto e sem trégua ali se encontra, na esperança de atrair o máximo possível de views, de audiência e consequentemente de dinheiro. De acordo com Danilo Angrimani em seu livro “Se espremer sai sangue”: Sensacionalismo é tornar sensacional um fato jornalístico que, em outras circunstâncias editoriais, não mereceria esse tratamento.
Qual o maior problema de uma mídia sensacionalista? Ela fica pobre de conteúdo bom e com a sociedade possuindo uma ligação forte com a mídia, utilizar a mesma como única fonte de informação pode ser prejudicial demais, isso aliena, e com o crescimento da internet, essa situação se alastrou ainda mais, qualquer pessoa pode publicar qualquer informação como verdade absoluta, sem fundamento algum. Não é a toa que vimos nascer um novo momento no jornalismo: a pós-verdade e até empresas especializadas em fact checking, ou seja, verificar a veracidade de algo que foi publicado, e a maioria vem justamente deste sensacionalismo aonde se aumentam e se criam coisas sem pudor nenhum.
O jornalismo, em seus princípios base deveria servir como o quarto poder e servir para informar e fiscalizar a população, porém quando se entra no jogo capitalista e se pensa apenas em lucro, corremos o risco de perder a identidade de responsabilidade dessa profissão. Quando se pensa apenas no “pão e circo” e não mais em informar e sim entreter, é quando se tem uma crise no meio. A mídia sensacionalista tem sua parcela na deseducação e na dessensibilização de uma sociedade que acaba apática, e algumas pessoas podem considerar exagero fazer tal conexão porém a mídia e o jornalismo são a janela para o que se acontece em todos os âmbitos da sociedade, e se ela decidir pintar algo de tal forma, quem terá o discernimento para perceber a real cor do acontecimento? Nada que não possa ser mascarado com o novo Big Brother Brasil…
Referência bibliográfica
ANGRIMANI, Danilo. Espreme que sai sangue: um estudo do sensacionalismo na imprensa,1994.