Será que você pode chorar olhando pra câmera?
Sensacionalismo substitui a sensibilidade e se mantém como combustível para a repercussão midiática
Por Flávia Gondor, Raíssa Jorgenfelth e Thainá Prado
Capitalismo? Cultura? A cada dia a mídia se torna mais dependente de anunciantes, patrocinadores ou de linhas de crédito. É perceptível a preferência pela tragédia e pela dor. Mas, se não houvesse receptores, não haveria a mídia. Onde há audiência, há mentores. Bom, por hoje, falaremos apenas de mídia.
O sensacionalismo tem sido muito bem aceito com a “evolução” das décadas. Ao invés de contribuir para a reeducação social e aquisição de conhecimento, alimenta a sede por desgraças. No âmbito sensacionalista, o limite entre o que é certo e o que é errado trata-se de uma linha tênue, oscilando e transformando-se de acordo com as necessidades da polêmica. Neste quarto poder, ou melhor dizendo, no jornalismo, essa é uma ferramenta indispensável.
Pensando no quesito da cultura como mercadoria, pode-se dizer que esse tipo de conteúdo faz com que o lucro seja o grande impulsionador do tal movimento nas redes. Considera-se assim, que o campo das produções culturais acomoda-se na inserção do jornalismo, como afirma a jornalista Maria Chaise: “é em função deste espírito capitalista implantado que se explicam as invenções técnicas desenvolvidas radicalmente e rapidamente, para satisfazer as indústrias ultraligeiras da produção cultural”.
Explorar de momentos de dor e sofrimento é tampouco humano. Acaba a comoção e leva junto o interesse de reprodução. “Não é a toa” que assuntos como tragédias humanas, fome, ataques terroristas, desabamentos, famílias que perderam tudo têm um minuto e olhe lá de notícia. Ou, melhor dizendo, “não é a toa” que o mundo já está conformado que isso existe e ponto, assim, já não é mais pauta que sirva no jornalismo. Sendo assim, “não é a toa” que o ego humano se sustenta nos próprios interesses. Redundância? Sim, assim como o sensacionalismo. Quer um exemplo? Basta lembrar da cobertura do caso da jovem menina Isabella Nardoni, ou então, o caso de Eloá Cristina.
O jornalismo deveria ser, antes de tudo, um serviço público. O jornalismo deveria ser, antes de tudo, fonte de informação com propósito evolucionista. O jornalismo deveria ter como critério principal, antes de tudo, a construção da notícia como contextualização factual, sem personalização.
Referência Bibliográfica
http://www.intercom.org.br/papers/regionais/sul2007/resumos/R0618-1.pdf