Violência doméstica contra o homem ainda é tabu em pleno século XXI
Apesar de serem menores, casos de violência doméstica contra homens têm se tornado cada vez mais comuns
Por Jessica Barreto
Segundo o dicionário, violência doméstica é toda e qualquer tipo de violência praticada no âmbito familiar (seja ela física, psicológica ou patrimonial), entre pessoas que possuem algum grau de parentesco. Apesar disso, acredita-se que violência doméstica é direcionada apenas à figura feminina. De fato elas são a maioria nas estatísticas, porém, a violência praticada contra o homem é mais comum do que se imagina, e ainda assim é pouco citada.
Analisando os jornais da grande mídia é possível notar que o assunto só ganha as manchetes quando está atrelado a algum tipo de celebridade, como é o caso mais recente do julgamento de Johnny Depp e Amber Heard. No caso em questão, Johnny Depp declarou ter sido vítima de violência doméstica por parte de sua ex-esposa, ao invés de ser o agressor. A defesa do ator usou, inclusive, uma gravação em que Amber admite ter cometido o ato, como forma de provar a acusação. Embora a declaração tenha gerado certo burburinho sobre o tema, principalmente nas redes sociais, vemos que pouco se faz ou fala sobre o assunto de um modo geral. As políticas públicas atuais, embora tenham suas falhas, tendem a proteger mais a mulher contra a violência doméstica, e isso, de certo modo, gera impunidade.
Quando as denúncias de violência doméstica contra o homem acontecem, sendo a mulher a agressora, a masculinidade do indivíduo é posta em questão e, por vezes, o ocorrido vira motivo de piadas. Tais coisas dificilmente acontecem quando a situação é inversa. Isso se deve à construção social do patriarcalismo e também de uma visão machista que, infelizmente, está enraizada em nossa sociedade.
Essas questões, por vezes, acabam inibindo a vítima de realizar a denúncia e ser amparada pelos órgãos competentes. Como a violência é uma questão social, ela só será combatida por meio de políticas públicas direcionadas, e mais eficazes, e de um debate amplo na sociedade, sem constrangimentos, para que possa encorajar mais homens e mulheres a denunciarem seus abusadores. E o jornalismo, como propagador e formador de opinião, tem papel fundamental nesse âmbito, já que serve como ferramenta de conscientização e instigação do debate público. Dessa forma, casos de violência doméstica contra homens e mulheres tenderão a diminuir.
