Viver para noticiar mais um dia

O desafio do jornalista de lutar pela liberdade de expressão no governo Bolsonaro

Lucas Taveira
singular&plural
2 min readApr 7, 2022

--

Por Hellen Oliveira, Júlia de Lima e Lucas Taveira

O número de casos de agressões, intimidações e violência contra jornalistas infelizmente continua crescendo no Brasil. No dia 22 de março de 2022, a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) divulgou o relatório “Violações à Liberdade de Expressão”. De acordo com o levantamento, o país registrou 230 ataques contra veículos de comunicação e profissionais da imprensa no ano passado. O número marca um crescimento de 21,69% em relação a 2020. A Abert realizou um ranking dos tipos de violação que mais aconteceram em 2021. Os casos de ofensas se destacam, chegando à marca de 53. Na sequência, casos de agressão (34), intimidações (26), ameaças (12), atentados (8), injúrias (6), vandalismo (4) e censura (1).

Tendo em vista que o pilar para o bom exercício da democracia é a liberdade de expressão, direito assegurado pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, é inadmissível aceitar que casos de violência física ou verbal contra jornalistas continuem crescendo. Entre alguns dos fatores que evidenciam o aumento desses números, a polarização política tem sido o estopim para o cerceamento da liberdade. Um outro levantamento da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), chamado “Violência contra jornalistas e liberdade de imprensa no Brasil”, aponta que o presidente Jair Bolsonaro é o principal agressor dessa categoria. Segundo a Fenaj, Bolsonaro foi responsável por 129 situações de descredibilização da imprensa e 18 ataques verbais aos profissionais no ano passado.

Jair Bolsonaro foi responsável por 147 casos de violações contra liberdade de imprensa. (Foto: Marcos Corrêa / Presidência da República)

No início de 2020, por exemplo, o presidente chegou a mandar jornalistas “calarem a boca”, quando perguntado se ele havia pedido a troca do superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro. Mandar um repórter “calar a boca” é ferir diretamente a liberdade de expressão, um dos valores profissionais jornalísticos mais importantes. No entanto, Bolsonaro não parou por ali; entre os diversos casos, vale citar as agressões do segurança e de apoiadores do presidente à equipe da TV Bahia, afiliada da TV Globo, que aconteceu em dezembro de 2021. É importante destacar esse evento, pois mostra como as atitudes deploráveis do chefe do Executivo incentivam a população a fazer o mesmo.

Enfim, cabe ressaltar ainda que o artigo 19 da Declaração dos Direitos Humanos define a liberdade de expressão como o livre direito de ter opiniões, de procurar, receber e transmitir informações e ideias por qualquer meio e independentemente de fronteiras. Portanto, fica evidente que a postura de Jair Bolsonaro contra os jornalistas, no modo como usa de insultos e humilhação para inibir opiniões contrárias, tornou o trabalho da imprensa no Brasil muito mais difícil nos últimos anos.

--

--