Vivendo dentro de uma ilusão
É uma atração quase irresistível
Há males que vêm para o bem, experiências que vêm para o aprendizado, erros que vêm para o acerto. Qualquer que seja o caso, sei que em hipótese alguma devo me comparar. Viver dentro de uma ilusão pode ser uma atração quase irresistível. Ignorantes, fechamos os olhos para a verdade mais básica; tudo está aparentemente bem na falta de perspectiva. A mesma verdade que fere, que tanto incomoda, é a verdade que liberta. O processo de expurgação pode ser insuportável. Ao final, quando sabemos bem avaliar, resta a gratidão. Que bom que tivemos a chance de ver a realidade como ela é ao invés de continuar vivendo algo que só existia na imaginação, pois só o que é de verdade fica. Eu prefiro. Quanto antes, melhor. Sempre tive verdadeiro horror à perda de tempo. Respiro fundo e vou em frente, impiedosamente. Deixo o que já terminou onde ele deve estar e, se em algum momento as lembranças de um remoto passado cruzarem meu pensamento, me perguntarei se de fato existiram, intencionalmente confundindo-as com sonhos. Algo que não realmente aconteceu e a respeito do qual não tenho que me preocupar. Porque sucumbir a uma ilusão é como suprir uma carência, pois sabemos em nosso íntimo que aquilo está fadado ao fim. Está terminado antes mesmo de começar. Então é como uma necessidade, algo que a vontade quer comunicar. E assim vamos em frente, acumulando experiências. Vivenciando apenas o que é verdadeiramente palpável.
