Na cidade grande

Jéssica Raphaela
síntese NY
Published in
3 min readJun 12, 2015

NYC ainda é um enigma que tento decifrar

Já faz um mês. Lembro de chegar na cidade com uma mochila pesada nas costas e uma mala sofrendo no asfalto quente de Nova York. Lembro de subir e descer escadas usando o muque miguado pra suportar todo o peso e lembro de ninguém nem dar uma forcinha. “Te ajudaria, mas estou apressado”, falou um cara enquanto eu carrega mala escada a cima. Intenção é o que vale, dizem.

Ninguém é muito compassivo na Big Apple. As pessoas são ocupadas, são apressadas. Tudo bem, não vim procurar ajuda, vim foi me jogar mesmo. Vim pra carregar minha própria bagagem, pra me virar com meu inglês ruim até ele ficar bom. Vim pra me ser por inteiro, mesmo que eu não saiba ao certo o que é ser eu. Vou descobrindo.

O primeiro mês foi apaixonante. E como toda paixão que se preze, deu um medo danado, e já fui do céu ao inferno mil vezes. Nova York assusta. Mas acolhe também. Ainda estou tentando não ser atropelada pela multidão que vem e vai na Times Square (uso uma técnica de meditação com um trabalho respiratório que não me deixa entrar em pânico em meio às milhares de pessoas, às insistentes luzes, aos altíssimos prédios e ao som nada acolhedor das sirenes). Fico sempre naquela dança constrangedora, desviando de um lado para o outro junto com um sujeito desconhecido. Alguns riem situação, outros bufam pra mim. Desculpa aí, gente.

Mas já começo a eleger os meus parques favoritos. Aquele que tem a grama mais confortável pra deitar; o outro com o grupo de jazz fazendo um espetáculo de graça numa tarde de quarta-feira; aquele que tem um zilhão de atividades abertas no verão… São muitos, e diferentes, e cobiçados quando o sol dá as caras por aqui.

Viajar para cá é uma temporada de
Sex and the City. Morar aqui está mais
pra Girls. O glamour desaparece.

Estou aprendendo a entender a cidade e sua dinâmica. A sensação é diferente da de turistas por aqui durante 15 dias. Viajar para cá é uma temporada de Sex and the City. Morar aqui está mais pra Girls. O glamour desaparece. Em contrapartida, estou conhecendo lugares e hábitos que passam despercebidos nas férias. E essa é a melhor experiência.

Inauguro esse espaço um mês após minha chegada pra contar o que enxergo nessa Nova York enigmática, exagerada, caótica. Acredite ou não, tem horas que enxergo calma. Espero que gostem, e que me contem suas impressões também. Volto logo (se a cidade não me engolir).

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