De quem é a ideia?

Bártus Cobalchini
Sistema Dez
Published in
3 min readNov 27, 2015

“Quando o jogo muda, você tem que mudar o seu próprio jogo.” Essa frase do Nizan foi dita em outro contexto, mas não vem ao caso. Assim como também não vem ao caso o que você acha do Nizan. Foca na frase.

Qual é o jogo? O que mudou mesmo?

Meu amigo, mudou tudo.

Uber, Airbnb, Netflix, Spotify e tantas outras iniciativas estão aí para mostrar que os modelos de negócio precisam ser revistos urgentemente.

A economia compartilhada está transferindo o poder para o outro lado da mesa. Ou melhor: está tirando a mesa e colocando todo mundo do mesmo lado.

Isso transforma radicalmente nossa maneira de se relacionar com outras pessoas e com marcas, como compramos, como nos informamos, como nos divertimos e, é óbvio, como trabalhamos.

Hoje, todo mundo quer participar. Todo mundo quer contribuir… e todo mundo quer criar. Sim, todo mundo mesmo. O atendimento cria, o planejamento cria, a mídia cria, os departamentos comercial e de marketing do cliente criam. Até os clientes dos clientes estão criando. E, verdade seja dita, tem muito trabalho excelente indo para a rua nesse modelo.

Claro, também tem muita ideia que não merecia nem entrar no brain. Mas em um mundo de estratégias beta, poder testar-revisar-ajustar sem perder o timing é muito mais importante do que ficar brigando pela paternidade da ideia.

Até mesmo porque a ideia pode estar em um post de Facebook ou em uma surpresa de pdv. Pode estar em um corner experience do show daquela banda que você adora. A ideia pode ser uma sugestão de logística ou mesmo uma melhoria de processos internos. A ideia pode ser um game ou o licenciamento de personagens. Uma hashtag ou um canal de Youtube. Um link na primeira página do Google. Um tweet de 140 caracteres ou páginas e páginas de conteúdo. A ideia pode começar numa convenção de vendas. Pode acabar em um grupo de WhatsApp.

Tudo integrado. Tudo se comunicando. Tudo exigindo um envolvimento muito maior para acontecer.

Então, como um cara de criação pode se diferenciar? A primeira coisa a fazer é aceitar que nosso ego é apenas uma pequena parte da estrutura. Sim, é. Tira ele da sala agora.

A segunda é saber que essa grande engrenagem roda melhor quando conseguimos manter a coerência e a consistência da mensagem nos mais diferentes pontos de contato.

É mais do que pensar apenas na sacada do anúncio ou numa gag para o final do comercial? É.

Mas é a partir do momento que começarmos a coatender, a coplanejar e a sacar mais do negócio, que vamos passar a ter uma importância mais estratégica no dia a dia dos clientes.

A gente trabalha com criatividade. E a criatividade está em todos os lugares, não só no departamento de criação, não só na propaganda. Aliás, os departamentos cada vez menos parecem departamentos. E a propaganda cada vez menos parece propaganda.

Aos poucos, estamos combinando expertises e desenvolvendo novas habilidades, estamos gerando novas conexões e buscando engajar quem está à nossa volta — uma evolução fundamental para a sobrevivência em uma indústria que está se reinventando, virando a indústria do conteúdo e da relevância.

A ideia continua sendo nosso diferencial mais valioso. Mas a ideia cada vez mais anda ao lado do negócio, que anda ao lado das pessoas que, se a gente baixar a guarda, vão andar ao nosso lado.

Se a bola não tá chegando e o meio de campo tá embolado, temos que aparecer pro jogo.

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