Como ficou a cobertura do solo

Dax Faulstich Diniz Reis
Florestinha
Published in
4 min readNov 27, 2017

Cobrimos todo o solo com capim andropogon triturado. O resultado foi muito bom! Por mais Sol e calor que fizesse durante o dia dava para verificar com a mão embaixo da palha que a terra estava sempre úmida.

13 de outubro de 2017 — Triturando capim

Lições aprendidas

Já nas primeiras semanas percebi que uns 30% a mais de cobertura teriam entrado bem. Poderia ter triturado mais uma vez para deixar a palha mais delicada e confortável para as pequeninas hortaliças. Os canteiros, principalmente os três primeiros, também ficaram altos. Então em alguns lugares a cobertura caiu das laterais expondo a terra ao Sol e à chuva e abrindo caminho para a vegetação expontânea.

Brotou bastante capim andropogon, braquiarinha e margaridão, entre outros colegas que ainda não conhecia, em todas as falhas que surgiram na cobertura. Isto nos está demandando esforço diário de capina seletiva!

Procuro conversar com eles ao arrancá-los (manejá-los).

Digo mentalmente ao capim:

Querido. Muita gratidão por ter disponibilizado a sua matéria tornando possível a transformação deste local no que será no futuro uma linda floresta que alimentará muitos animais e contribuirá para fluir mais água para os nossos aquíferos. Você já está cobrindo o solo e mantendo a terra protegida e úmida. Não podemos ter você aqui neste outro papel, pois isto comprometeria nossa capacidade de contribuir com o melhor manejo para a nossa floresta recém nascida. Muito grato pela intenção de brotar e crescer aqui. Vou lhe fortalecer em outra área, logo ali ao lado, para em breve fazermos juntos mais transformações.

Ao margaridão eu digo:

Irmão. Muita gratidão por se apresentar aqui e já, desde o início, entregar nitrogênio para este solo e prepará-lo com a sua matéria para voltar a abrigar uma floresta. Recentemente aprendi um pouco mais sobre você. Vamos fazer coisas lindas juntos. Vou levar você lá para o outro lado do terreno para criarmos um maravilhoso berço para uma nova placenta. Este será o nosso principal experimento com agricultura por processos. Vamos chamar também as mucunas pretas e cinzas, as mamonas, os maracujás e muitas outras plantas dos estratos rasteiro, baixo, médio, alto e emergente. Vocês nos mostrarão como é que isto acontece. Muita gratidão mesmo. Mas aqui, neste canteiro, neste papel, não podemos ter você agora. Peço sua permissão para retirá-lo e colocá-lo aqui ao lado, no caminho, para que sua matéria retorne ao sistema de nossa floresta.

A todos em conjunto eu digo:

Meu coração transborda em gratidão por contarem comigo para esta missão de manejar, ou seja, coordenar a nossa cooperação, para catalizarmos o ressurgimento da floresta com todos os seus estratos neste local motivados unicamente pelo amor incondicional e pelo prazer interno.

Acho que estes são os meus mantras de hoje em dia.

26 de novembro de 2017 — Muita capina seletiva, Lua no quarto crescente, tudo crescendo bem!

Próximos passos

Na próxima Lua Nova, visando potencializar a rebrota, faremos uma poda drástica em um eucalipto de 10 anos. Com uma motosserra cortaremos toda a madeira em tocos com aproximadamente 35cm para deitá-los perpendicularmente nos caminhos (entre os canteiros). As folhas e galhos finos serão triturados duplamente junto com mais capim andropogon para cobrir o solo.

Removeremos temporariamente a cobertura (do caminho), posicionaremos a madeira com a disposição usada na linha à direita da foto a seguir, cobriremos com um pouco de terra do local até a madeira ficar sem contato com o ar e devolveremos a cobertura. Depois adicionaremos mais cobertura até que todo o solo esteja integralmente coberto.

Preparo de área no Sítio Semente (Lago Oeste, DF) usando matéria orgânica (MO) de poda drástica de eucaliptos e bananeiras no curso de manejo agroflorestal e poda com Namastê Messerschmidt e Juã Pereira realizado em agosto de 2017.

Nesta horta da foto o plantio poderia ser feito para pouca ou nenhuma irrigação na terra entre os troncos de bananeira que seguram água pelo ano todo mantendo o solo úmido. Os caminhos foram cobertos com madeira, terra e serrapilheira (folhas e galhos finos cortados neste dia com facão). A madeira acelera o seu processo de decomposição com a ajuda de bactérias e fungos, que não se instalam se houver contato com o ar, enriquecendo o solo e disponibilizando o seu carbono para a terra. Ela também ajuda a evitar a compactação do solo, pois o peso das pessoas que transitam entre as linhas fica distribuído por toda a superfície lateral da madeira.

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