Encontre seus 100 super fãs

A economia de criadores está no meio de uma mudança decisiva — de um modelo de receita mainstream, orientado a anúncios, para um modelo de comunidades de nicho e pagamento direto de usuário para criador.

O modelo de 100 super fãs atrai criadores a diferenciar os fãs em subsegmentos com base em afinidade e disposição ao invés de um grupo uniforme. O relacionamento dos super-fãs com os criadores é diferente dos demais: eles se tornam discípulos, protegidos, alunos e co-criadores. Por isso, exigem um novo conjunto de ferramentas e plataformas.

A chave para a monetização de $1.000 por fã, por ano, são as ofertas personalizadas com preços em níveis. Um criador pode ter uma ampla base de seguidores em plataformas sociais tradicionais, o foco é converter alguns desses seguidores em compradores ou clientes únicos e, em seguida, elevar alguns desses usuários a super fãs com maiores receitas. Isso significa construir produtos que alinham a monetização com o valor do usuário final.

O conceito de 100 fãs verdadeiros não é para todos. Os criadores que têm um público maior e mais difuso com lealdade ou envolvimento mais fraco provavelmente são melhores gerando receita por meio de publicidade. Para muitos, esse caminho será mais lucrativo — e exigirá menos trabalho pesado — do que projetar o tipo de programa personalizado de alto valor que os 100 verdadeiros fãs exigem.

Para criadores que ganham a confiança de um público de nicho e que oferecem o que esses usuários desejam — seja autoaperfeiçoamento, conexão, reconhecimento ou pertencimento — 100 Fãs Verdadeiros oferece um modelo de monetização atualizado para a economia de criadores em rápido crescimento.

Quem são meus verdadeiros fãs?

Um artigo chamado “1,000 True Fans” foi publicado há uma década atrás, prevendo que a internet daria a possibilidade que pessoas ganhassem a vida com suas criações, seja um artista, músico, autor ou empresário. Em vez de perseguir o status de celebridade, criadores só precisam ter envolvimento com uma base modesta de “verdadeiros fãs” — aqueles que vão “comprar qualquer coisa que você produzir” — até $100 por fã, por ano (para uma renda anual total de $100.000). Ele acreditava que os criadores poderiam contornar os intermediários tradicionais, ao serem pagos diretamente por uma base menor de fãs e viver dessa audiência.

Hoje, essa ideia é mais destaque do que nunca, conforme a Economia de Criadores cresce, mais pessoas estão monetizando aquilo que são apaixonadas. A adoção global de plataformas sociais como Twitch e YouTube, a integração do modelo de influenciador e o surgimento de novas ferramentas para criadores alterou o que chamamos de sucesso. Atualmente, criadores podem acumular apenas 100 Fãs Verdadeiros — não 1.000 — pagando-lhes $1.000 por ano, não $100, efetivamente ganhando mais com menos fãs.

Já estamos vendo essa mudança, de acordo com as plataformas de criadores. No Patreon, o valor médio inicial aumentou 22% nos últimos dois anos. Desde 2017, a parcela de novos clientes que pagam mais de $100 por mês — ou $1.200 por ano — cresceu 21%. Na plataforma de cursos online Podia, o número de criadores que ganham mais de $1.000 em um mês está crescendo 20% a cada mês, enquanto o número médio de clientes por criador está crescendo a uma taxa de 10%. Da mesma forma, no Teachable, o preço médio de aulas aumentou cerca de 20 por cento, ano após ano. Em 2019, quase 500 criadores de cursos ensináveis ​​ganharam mais de $100.000; desses, 25 tiveram em média mais de $1.000 por venda.

Agora, 100 fãs verdadeiros e 1.000 fãs verdadeiros não são mutuamente exclusivos, e a referência de $1.000 por fã por ano não tem a intenção de ser uma receita exata. Em vez disso, esse pensamento fornece uma estrutura para o futuro desse modelo: os criadores podem segmentar seus públicos e oferecer produtos e serviços personalizados com escalas diferentes de valores.

Um criador pode cultivar um público grande e gratuito em plataformas sociais ou por meio de uma lista de e-mail. Ele ou ela pode então converter alguns desses usuários em clientes e assinantes. O criador pode então alavancar alguns desses compradores para um novo patamar de preço, como conteúdo extra, acesso exclusivo ou interação direta com o criador.

Esta estratégia está intimamente relacionada ao conceito de “whales” nos jogos, em que 1 a 2 por cento dos usuários geram 80 por cento da receita das empresas de jogos (embora esse modelo esteja evoluindo). Simplificando, se você conseguir convencer um pequeno número de pessoas super engajadas a pagar mais, também poderá ter um público geral que paga menos. Ao segmentar a base de clientes e oferecer maior valor aos principais fãs — a um preço mais alto — os criadores podem ganhar a vida com um público total menor.

Como conquistar esses super fãs?

Há uma grande diferença entre monetizar por meio de 1.000 Fãs (por $100 por ano) e 100 Fãs (por $1.000 por ano). Enquanto um criador pode ganhar $100 por ano de um fã por meio de patrocínios ou doações, coletar US $1.000 por ano requer um produto diferenciado, pois esse público espera obter valor e propósito significativos.

Isso representa um afastamento do modelo tradicional de doação — no qual os usuários pagam para beneficiar o criador — para um modelo de valor, no qual os usuários estão dispostos a pagar mais por algo que os beneficie também. As pessoas estão dispostas a pagar mais por serviços exclusivos com ROI positivo que sejam construtivos em suas vidas, sejam eles relacionados à saúde, finanças, educação ou entretenimento.

Independentemente da terminologia, os produtos e serviços dessa categoria resolvem problemas de alta prioridade para os consumidores. Os criadores que seguem o modelo dos 100 verdadeiros fãs reconhecem e monetizam o desejo de melhoria e transformação. Uma tecnologia melhor, como plataformas de comunidade e streaming em tempo real aprimorado, permite um conteúdo mais rico e de qualidade superior do que era possível no passado.

Essa tendência é paralela ao mundo SaaS, onde versões pagas de software livre atendem a usuários avançados. Embora existam versões gratuitas desses produtos, os usuários avançados preferem a versão paga pelos recursos adicionais. Por exemplo, tutoriais em vídeo gratuitos do YouTube com uma plataforma paga como MasterClass ($90 por aula). Embora o YouTube ofereça uma grande quantidade de conteúdo gratuito de qualidade, ainda é difícil encontrar exatamente o que busca. As plataformas pagas são menos sobre entretenimento e mais sobre fornecer uma solução para o resultado desejado do usuário.

O plano para ganhar $1.000 por fã

A estratégia de monetização para 100 Fãs Verdadeiros é diferente de 1.000 Fãs Verdadeiros. Oferecer aos usuários conteúdo sem anúncios e acesso a catálogos anteriores, podem ajudar a lucrar com um valor menor. Mas para ganhar fãs que estão dispostos a pagar $1.000 por ano, os criadores precisam oferecer um aumento da proposição de valor. A receita, então, é ir a um nicho e atingir o desejo dos usuários por resultados. Significa fornecer conteúdo, comunidade, responsabilidade e acesso diferenciados.

Conteúdo premium e comunidade sem similares

As pessoas estão dispostas a pagar preços altos por conteúdo exclusivo e acesso a uma rede de contatos com ideias semelhantes. No final de 2019, dois consultores financeiros que viraram podcasters lançaram uma comunidade privada paga chamada Advisor Growth Community. O hub online cobra dos consultores financeiros $2.000 por ano para colaborar com colegas e aprender como desenvolver suas práticas. Outro exemplo, o programa de desenvolvimento de carreira Reforge, um masterclass para estratégias de crescimento e marketing, cobra mais de $3.000 por vaga contando com centenas de participantes a cada ano.

Entregando valor e resultados tangíveis

Na China, a plataforma de cursos de áudio unicórnio Dedao vende cursos de áudio pagos que atendem ao desejo dos usuários de auto aperfeiçoamento e aprendizagem ao longo da vida. Os tópicos mais vendidos incluem gerenciamento, habilidades de estudo e falar em público. Essas aulas podem atingir até 199 RMB (aproximadamente $28) — uma soma significativa em um país onde a renda média é de 21.600 RMB (~ $3.100). O curso mais popular é ministrado pelo ex-professor da Universidade de Pequim, Xue Zhaofeng, e tem mais de 470.000 inscritos.

Responsabilidade

Quanto mais um alunos pagam adiantado, mais interessado ele ou ela está em alcançar o resultado desejado. Criadores de conteúdo premium não oferecem apenas mais ou melhor conteúdo, mas também motivam e incentivam os alunos a obterem o que pagaram. A versão premium ($699 x $499) da aula do especialista em produtividade Tiago Forte sobre anotações digitais e produtividade inclui oito entrevistas com especialistas, 16 modelos de notas, 6 tutoriais avançados e acesso a um blog exclusivo para membros. Tiago também divulga seus números publicamente, reforçando a percepção de accountability.

Acesso, reconhecimento e status

No Patreon, o podcast de comédia This Might Get Weird tem planos de $5 por mês e $15 por mês, ambos os quais oferecem acesso a uma comunidade Discord e conteúdo extra. O criador também oferece um número limitado de assinaturas de $69 por mês ($828 por ano), contendo transmissão ao vivo mensal de 30 minutos, entre outros benefícios. Mas a oferta de preço mais alto é de $500 por mês ($6.000 por ano), que concede aos usuários sessões de coaching pessoal com os hosts de podcast, via chat de vídeo, a cada 3 meses. O nível superior oferece um nível de exclusividade e acesso que corresponde ao preço — 100 vezes mais caro do que o nível básico.

Existem empresas grandes e em crescimento na China, como Bixin, Taobao e Heizhu Esports (da Netease), nas quais as pessoas pagam aos criadores para jogar videogame com eles. Alguns desses usuários estão ganhando dezenas de milhares de dólares por mês como companheiros de jogos pagos. Além de adquirir reconhecimento pessoal do criador, há também o potencial reconhecimento de outros fãs.

Tenha controle sobre sua base de fãs

Entendida e detalhada a diferença entre as estratégias de monetização de 1.000 e 100 verdadeiros fãs, a conclusão que pode ser tirada dessa análise, antes mesmo de sair criando diferentes modelos de negócios, é trabalhar para identificar e conhecer os fãs. Assim, você conseguirá entender sua base de usuários, quem são os mais engajados com potencial de se encaixar em cada estratégia.

Atualmente, como você conhece e mantém contato com seus fãs? Utiliza algum tipo de plataforma para ter controle sobre isso?