A Simbologia do Espelho e Autoconhecimento

IARA: Cidade Consciente
Smart City — IED 2017
4 min readNov 17, 2017
Imagem retirada do site unsplash.com

Desde a antiguidade se faz presente lendas, ritos e mitos sobre o espelho. O símbolo remete à pureza e traduz o verdadeiro conteúdo da consciência. Também sinal de sabedoria e conhecimento nas tradições orientais, revela ainda a realidade aparente, refletindo-a de forma invertida.

[…] o espelho tem uma importância tão grande no simbolismo que pode ser considerado o próprio símbolo do simbolismo, como era para as místicas muçulmanas inspiradas no neoplatonismo. Isso se a sua propriedade de refletir, mostrar algo indiretamente (SATO, 2015).

No inconsciente, a lei do espelho atua em conjunto com a projeção psicológica, um mecanismo de defesa do qual é atribuído a outros indivíduos defeitos, sentimentos, pensamentos e crenças. Ela atua durante experiências que remetem conflito emocional ou ameaça, tanto em experiências positivas quanto negativas.

Em contrapartida, o conceito do narcisismo, desenvolvido por Freud, determina o amor exacerbado de um indivíduo por si próprio e sobretudo, por sua imagem. Ele está associado ao mito de narciso, que recupera sua essência egoísta de sobrevalorização de si. Ou seja, na psicologia, o indivíduo narcisista preocupa-se excessivamente com si próprio e com sua imagem.

A vaidade descontrolada e admiração excessiva por si próprio pode gerar problemas no convívio social. O narciso cria a necessidade de ser admirado e não admite que sua presença passe despercebida em determinado grupo.

Portanto, o exterior atua como um espelho em nossa mente, onde é possível observar diferentes qualidades, características e aspectos pessoais de nossa própria essência, do nosso ser mais primitivo.

A consciência da lei do espelho permite o autoconhecimento. Quando adquirida a percepção sobre este mecanismo, é possível trabalhar aspectos que estão presentes na personalidade e comportamento pessoal.

O autoconhecimento, na psicologia, significa o conhecimento de um indivíduo sobre si mesmo, o que leva ao maior controle emocional, evitando sentimentos de baixa autoestima, inquietude, frustração, ansiedade, instabilidade emocional entre outros, permitindo resoluções produtivas, conscientes e uma maior clareza de seu entorno. (DANTAS, Gabriela Cabral da Silva, 2015)

É possível praticar o autoconhecimento por meio da reflexão, exercendo uma autoanálise sobre deficiências e qualidades emocionais e verificando o quanto o comportamento individual possui um impacto sobre o estado psicológico interno e ambiente externo.

O Autoconhecimento e a cidade

Por meio do autoconhecimento, o indivíduo conhece melhor a si mesmo e pode utilizar isso ao seu favor junto aos seus pares e no meio em que atua. Uma comunidade em que seus integrantes exercem o autoconhecimento torna-se em um ambiente mais consciente, criativo, colaborativo, harmônico, saudável e facilita a autoavaliação do comportamento e convivência em grupo. Dessa forma, é possível ajustar e corrigir falhas em nosso comportamento e, consequentemente, como ele impacta a sociedade e a cidade em que vivemos.

Uma cidade consciente tem uma capacidade maior de estabelecer objetivos a curto, médio e longo prazo, onde seus cidadãos sabem onde pretendem chegar a partir de suas realizações no dia-a-dia, já que uma vez em que o indivíduo tem seus objetivos pessoais claros, ele também tem mais facilidade em captar a importância dos objetivos coletivos. Entende-se que se uma pessoa não conhece seus potenciais e tem medo de reconhecer suas fraquezas, sua contribuição para o coletivo fica imensuravelmente deficiente. Para Souza (2006), “perceber o seu próprio comportamento pode ser muito útil ao tentar mudar esse mesmo comportamento”.

Com o autoconhecimento é possível adquirir a sensibilidade de perceber as pessoas, identificando nos outros, suas qualidades e defeitos, e desta forma facilita o trabalho em conjunto, a fim de conseguir o melhor de cada indivíduo. Ao se conhecer e praticar a sensibilidade de detectar perfis de comportamento nos outros, pode ser detectada a melhor forma de abordar cada indivíduo. O indivíduo que tem maior controle emocional e autoconfiança, consegue identificar com mais clareza soluções para os problemas enfrentados no dia-a-dia.

Em ambientes organizacionais de empresas, a importância do autoconhecimento e da inteligência emocional dos indivíduos em papéis de liderança está intrinsecamente relacionada com a obtenção de bons resultados gerenciais.

Para o líder ser bem sucedido, ele deve saber lidar com alguns aspectos da motivação, trabalho em equipe, dinâmica de grupo e, principalmente, relações interpessoais, controlando as emoções, criticando com habilidade, sabendo ouvir, gerindo tensões e fomentando orientações comuns (SABINO, 2008).

Para Lampoglia (2008) “O líder inteligente emocionalmente tem consciência de seus hábitos e das pressões que sofre no cotidiano. Pressões, incertezas e mudanças o atingem por todos os lados, daí as capacidades desenvolvidas contam para a carreira porque o investimento maior é em si mesmo.” Os líderes da cidade tem a possibilidade de criar ambientes onde as pessoas tenham condições de alcançar o sucesso e resolver desafios com maior facilidade.

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