Sobre… Clássicos Que Eu Não Gosto.

Marcio Sampayo
Sobre
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4 min readNov 1, 2016

Entre as definições do que é “Clássico”, estão “aquilo que serve como modelo ou referência”, “abonado por autores tidos como paradigmas” e que “se caracteriza pela sobriedade e simplicidade”, entre várias outras.

O problema de se definir algo como “Clássico” é transformar isso em uma regra máxima escrita em mármore e passar a seguir um comportamento de manada, seguindo fielmente o que outros consideram como referência.

Recentemente, meu irmão foi a uma exposição de Picasso. Se deparou com uma galera que enfrentava filas de horas e horas, pouco preocupados em admirar as obras, mas sim em tirar uma selfie diante dos quadros e postar no Facebook.

Don´t be this person

Sim, existem clássicos que são irretocáveis. Ainda acho que O Poderoso Chefão é a melhor coisa que a sétima arte já nos deu. E não confio em absolutamente ninguém que não tenha uma opinião mais ou menos parecida.

Só que clássicos simplesmente não são irretocáveis.

Quando Watchmen foi lançado, em 1986, não demorou para ser alçado a categoria de “clássico”. Escrito por Alan Moore, foi considerado um marco na evolução dos quadrinhos por tratar de temas mais maduros, com uma abordagem mais adulta.

Quando eu li pela primeira vez, não achei nada demais. Estória chata, arrastada, cheia de flashbacks desnecessários e de estórinhas de piratas que nem sequer faziam parte da trama principal, personagens sem carisma nenhum, com situações “adultas” nem um pouco apelativas, como um cachorro comendo uma criança ou o milésimo estupro constante nas obras do Alan Moore.

Reli várias vezes depois, sempre procurando ver se estava deixando de “enxergar” alguma coisa, se eu precisava ter mais maturidade para saber lidar com a obra ou algo do gênero…

Mas não, a estória continua tão chata quanto sempre.

Seria bem melhor do que a obra original

A verdade é que nunca gostei de Alan Moore. V de Vingança, a primeira Liga Extraordinária, Do Inferno, Miracleman… Achei tudo razoável, mas beeeeem longe de ser a nona maravilha que meu amigo Fabio Ochôa encontra nas obras de Moore…

E aproveitando que falei no Ochôa, ele tem um gosto bem apurado para clássicos… Se não é um fã dos Beatles, sabe fingir bem. Eu, em outra partida… Nunca gostei dos Beatles. Nunca tive paciência ou entendi direito essa aura sagrada que gira em torno deles. Sempre achei as músicas extremamente chatas, e até Hey Jude, que tinha uma sonoridade aceitável, foi destruída pelo Kiko Zambianchi e eu nunca mais consegui ouvir da mesma forma.

Prêmio Nobel de literatura para Bob Dylan. Um gênio da música. Um autor de músicas tão clássicas que foi agraciado pelo prêmio máximo dado a escritores.

Eu acho um pé no saco.

E o que dizer dos “mestres clássicos da literatura brasileira”, como Machado de Assis, Lima Barreto e Mário de Andrade?

Amigos, não sei nem por onde começar. Só li uma vez na vida, obrigado, na época do primeiro colegial. E nunca tive a menor vontade de ler novamente.

E falando em literatura… Vocês já tentaram ler a “Ilíada” inteira? A “Odisseia” de Homero? “Persuasão” de Jane Austen?

Poizé.

Eu sou da opinião de que não é porque é um “Clássico”, que você é automaticamente obrigado a gostar. Não é porque um filme é do Woody Allen que ele necessariamente é uma obra prima.

E a contra partida é verdadeira. Não é porque o filme é com o Adam Sandler que ele necessariamente é ruim — Ok, nesse caso 99% É ruim, mas sempre tem Click e 50 First Dates que salvam a filmografia do cara.

Mais do que confiar nos clássicos, o que vale é você apreciar alguma obra que fale com você, que te impressione de alguma forma, que te faça pensar.

Assim, você cria os seus próprios clássicos.

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